Morreu Nelson Mandela. Paz à sua alma.
O abjecto regime do apartheid acabou, felizmente. Mas a violência racista não. Há que ter isso em consideração, porque
Enquanto a filosofia que declara uma raça superior e outra
inferior não for finalmente e permanentemente desacreditada e
abandonada; enquanto não deixarem de existir cidadãos de primeira e
segunda categoria de qualquer nação; enquanto a cor da pele de uma
pessoa for mais importante que o brilho dos seus olhos; enquanto não
forem garantidos a todos por igual os direitos humanos básicos, sem
olhar a raças, até esse dia, os sonhos de paz duradoura, cidadania
mundial e governo de uma moral internacional irão continuar a ser uma
ilusão fugaz, a ser perseguida mas nunca alcançada. E igualmente,
enquanto os regimes infelizes e ignóbeis que suprimem os nossos irmãos,
em condições subumanas, em Angola, Moçambique e na África do Sul não
forem superados e destruídos, enquanto o fanatismo, os preconceitos, a
malícia e os interesses desumanos não forem substituídos pela
compreensão, tolerância e boa-vontade, enquanto todos os Africanos não
se levantarem e falarem como seres livres, iguais aos olhos de todos os
homens como são no Céu, até esse dia, o continente Africano não
conhecerá a Paz. Nós, Africanos, iremos lutar, se necessário, e sabemos
que iremos vencer, pois somos confiantes na vitória do bem sobre o mal.
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— Haile Selassie, em discurso na Liga das Nações, em 1936
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