28.03.2012 - por Bernardo SorjPessach 5772/2012
Entre a liberdade e a escravidão
E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Aarão no deserto, e disse aos filhos de Israel: 'Mais valia tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egipto, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até querer. Trouxeram-nos para este deserto para morrermos aqui de fome.' (Êxodo 16)
Porque a vida é uma luta constante entre a liberdade e a escravidão, entre a liberdade que nos torna insegura, e o desejo de segurança que limita a nossa liberdade, a Páscoa nos lembra que a vida é uma viagem:
Entre o medo do desconhecido.
E a coragem de abrir-se a novas ideias e experiências.
Entre as expectativas dos outros.
E o agir sobre como consideramos certo ou errado.
Entre a insegurança que nos permite reconhecer as nossas limitações.
E a ironia que nos permite rir da nossa maneira de ser.
Entre a fixação sobre o trauma.
E a sua superação.
Entre as janelas externas.
E a vida interior.
Entre reclamar.
E agir.
Entre o dogmatismo.
E abertura às opiniões dos outros.
Entre ser.
E ter.
Entre contemplar.
E possuir.
Entre querer tudo.
E estar satisfeito com o que se tem.
Entre o supérfluo.
E o essencial.
Entre a imposição.
E o diálogo.
Entre o discurso.
E o ouvir.
Entre um passado que nos oprime.
E um passado nos ensina.
Na Páscoa, nós aprendemos que os opressores têm delírios de omnipotência e de imposição da sua vontade, que anseiam por dominar e controlar os outros para satisfazer os seus desejos. Mas os seres humanos são finitos e mortais.
E porque somos finitos e mortais,
Vivemos na incerteza.
E porque somos finitos e mortais,
Temos medos, inseguranças e necessidades emocionais.
E porque somos finitos e mortais,
O outro é uma fonte de aprendizagem e de apoio.
Devemos sempre lembrar sempre que, como judeus, a Páscoa nos ensina:
Que fomos perseguidos e nunca devemos perseguir.
Que fomos humilhados e nunca devemos humilhar.
Que fomos estigmatizados e não devemos estigmatizar.
Que fomos oprimidos e nunca devemos oprimir.
Que fomos confinados a guetos e ninguém deve viver em favelas.
Que toda a escravidão acaba na luta pela liberdade.
Assim, na Páscoa, celebramos a nossa vontade de ser livres sem esconder os nossos medos, inseguranças e faltas, e afirmamos nossa vontade de amar, aprender, e os valores da liberdade e da justiça.
Shehejyanu, laz'man ve'higuianu ve'quimanau.
Que vivemos, nós existimos, que chegámos a este momento.
Bernardo Sorj
Entre a liberdade e a escravidão
E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Aarão no deserto, e disse aos filhos de Israel: 'Mais valia tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egipto, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até querer. Trouxeram-nos para este deserto para morrermos aqui de fome.' (Êxodo 16)
Porque a vida é uma luta constante entre a liberdade e a escravidão, entre a liberdade que nos torna insegura, e o desejo de segurança que limita a nossa liberdade, a Páscoa nos lembra que a vida é uma viagem:
Entre o medo do desconhecido.
E a coragem de abrir-se a novas ideias e experiências.
Entre as expectativas dos outros.
E o agir sobre como consideramos certo ou errado.
Entre a insegurança que nos permite reconhecer as nossas limitações.
E a ironia que nos permite rir da nossa maneira de ser.
Entre a fixação sobre o trauma.
E a sua superação.
Entre as janelas externas.
E a vida interior.
Entre reclamar.
E agir.
Entre o dogmatismo.
E abertura às opiniões dos outros.
Entre ser.
E ter.
Entre contemplar.
E possuir.
Entre querer tudo.
E estar satisfeito com o que se tem.
Entre o supérfluo.
E o essencial.
Entre a imposição.
E o diálogo.
Entre o discurso.
E o ouvir.
Entre um passado que nos oprime.
E um passado nos ensina.
Na Páscoa, nós aprendemos que os opressores têm delírios de omnipotência e de imposição da sua vontade, que anseiam por dominar e controlar os outros para satisfazer os seus desejos. Mas os seres humanos são finitos e mortais.
E porque somos finitos e mortais,
Vivemos na incerteza.
E porque somos finitos e mortais,
Temos medos, inseguranças e necessidades emocionais.
E porque somos finitos e mortais,
O outro é uma fonte de aprendizagem e de apoio.
Devemos sempre lembrar sempre que, como judeus, a Páscoa nos ensina:
Que fomos perseguidos e nunca devemos perseguir.
Que fomos humilhados e nunca devemos humilhar.
Que fomos estigmatizados e não devemos estigmatizar.
Que fomos oprimidos e nunca devemos oprimir.
Que fomos confinados a guetos e ninguém deve viver em favelas.
Que toda a escravidão acaba na luta pela liberdade.
Assim, na Páscoa, celebramos a nossa vontade de ser livres sem esconder os nossos medos, inseguranças e faltas, e afirmamos nossa vontade de amar, aprender, e os valores da liberdade e da justiça.
Shehejyanu, laz'man ve'higuianu ve'quimanau.
Que vivemos, nós existimos, que chegámos a este momento.
Bernardo Sorj
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