Agora que o décimo aniversário da Operação Liberdade do Iraque chegou, a esquerda americana aproveitou uma nova oportunidade para reviver o mito de que a guerra naquela nação "foi por causa do petróleo". Glenn Greenwald do Guardian é um desses revivalistas. Na sua coluna de Imprensa, ele é magnânimo o suficiente para admitir que dizer que a guerra no Iraque foi combatida estritamente pelo petróleo é uma "simplificação". No entanto, ele não pode conter-se: "Mas o facto de que o petróleo é um factor importante em todas as acções militares ocidentais no Médio Oriente é tão evidente que é surpreendente que até seja considerado discutível, e muito menos alguma ideia peregrina", argumenta. O mantra da guerra pelo petróleo pode ser evidente para Greenwald e seus companheiros de ideologia, mas os factos dizem o contrário.
Se o petróleo fosse um factor importante para o desencadear da guerra
no Iraque, seria lógico que os Estados Unidos obtivessem lucros substanciais
com ela. Pode ser um choque para Greenwald, bem como para vários outros
americanos, mas no que diz respeito à importação de petróleo, a percentagem
esmagadora do nosso petróleo importado não vem do Médio Oriente. Canadá eAmérica Latina fornecem aos Estados Unidos 34,7% de nosso petróleo importado. A
África fornece mais 10,3%. Todo o Golfo Pérsico, liderado pela Arábia Saudita
que fornece 8,1%, fornecem-nos um total de 12,9% do nosso petróleo importado.
George Bush, retratado aqui com os fuzileiros navais dos EUA na província de Anbar. Fotografia: Jim Watson / AFP / Getty Images
Em Dezembro de 2012,
o Iraque forneceu aos Estados Unidos aproximadamente 14,3 milhões de barris de
petróleo de um total de cerca de 298 milhões de barris importados, ou seja,
4,8% das nossas importações totais. E, como indica este gráfico, importávamos
maior quantidade de petróleo do Iraque antes de entrarmos na guerra para
expulsar Saddam Hussein.
Além disso, os Estados Unidos apoiaram plenamente o embargo do petróleo
das Nações Unidas contra o Iraque, imposto quando Saddam Hussein invadiu o
Kuwait em 1990, apesar da realidade de que dependíamos muito mais do petróleo
importado do que agora.
Canadá, América Latina e África fornecem mais petróleo aos EUA que o Médio Oriente. Esta foto mostra uma operação de petróleo em 2007, ao largo da costa de Angola, um dos principais produtores africanos. Marcel Mochet / AFP / Getty Images
Continuamos a apoiar o embargo, mesmo quando foi revelado que a
eventual suavização dessas sanções, conhecida como o programa de petróleo por
alimentos, revelou que a Rússia, a França e várias outras nações estavam a colaborar
com Saddam Hussein, violando as sanções em troca de biliões de dólares de
lucros ilícitos. Dos 52 países nomeados num relatório compilado pelo
ex-presidente da Reserva Federal, Paul Volcker, detalhando o escândalo, apenas
28 assumiram, e os Estados Unidos lideraram o caminho para perseguir os envolvidos.
Em 2010, o Conselho de Segurança da ONU levantou a maioria das sanções
restantes. O Conselho de Segurança disse que "reconhece que a situação
existente no Iraque é significativamente diferente daquela que existia no
momento da adopção da resolução 661" em 1990. Por outras palavras, eles
reconheceram que o carniceiro de Bagdad e a sua ditadura brutal haviam sido
atirados para a pilha de cinzas da História, e um governo relativamente estável
tomou o seu lugar. O Conselho também votou no sentido de retornar o controlo da
receita de petróleo e gás natural do Iraque ao governo até ao dia 30 de Junho
daquele ano. "O Iraque está à beira de algo notável - uma nação estável e
auto-suficiente", disse o vice-presidente Joe Biden, que presidiu à
reunião.
"Hoje, o Iraque será libertado de todas as sanções causadas por guerras e crimes do antigo regime".
- Hoshyar Zebari, Ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano.
É precisamente nessa
nação auto-suficiente - não um país rico em petróleo e Estado-cliente da
América - que o Iraque está a tornar-se.
Se a América tivesse ido para a guerra no Iraque principalmente pelo petróleo,
seria razoável que nós mantivéssemos um domínio suspeito tanto na oferta como
na produção. Dez anos após a guerra, a China emergiu como um dos principais
beneficiários de um governo iraquiano relativamente estável e um país que, após
duas décadas, está pronto para se tornar o terceiro maior exportador depetróleo do mundo. O comércio entre o Iraque e a China dobrou quase 34 vezes,
subindo de US $ 517 milhões em 2002, para US $ 17,5 biliões no final do ano
passado. Se as tendências actuais continuarem, a China irá substituir os EUA
como o maior parceiro comercial do Iraque.
Além disso, a primeira licença de petróleo do pós-guerra concedida pelo
governo iraquiano em 2008 foi à companhia estatal China National Petroleum
Corp. (CNPC), sob a forma de um contrato de desenvolvimento de US $ 3,5 biliões
para o campo iraquiano Al-Ahdab. Em Dezembro de 2009, na segunda rodada de
licitações para desenvolver as vastas reservas de petróleo inexploradas do
Iraque (após um leilão em Junho permitindo às empresas estrangeiras aumentarem
a produção em campos existentes), a China e a Rússia emergiram com a maior
parte dos contratos. Na época, o ministro iraquiano do Petróleo, Hussain
al-Shahristani, imaginava um futuro brilhante. "O nosso principal objectivo
é aumentar a nossa produção de petróleo de 2,4 milhões de barris por dia para
mais de quatro milhões nos próximos cinco anos", afirmou.
O país está no bom caminho. Em Dezembro passado, o Iraque atingiu um
marco, ultrapassando o limiar de 3 milhões de barris pela primeira vez desde 1990,
atingindo 3,4 milhões de barris por dia. Além disso, ao contrário das reservas
ocidentais de petróleo que exigem tecnologia sofisticada ou perfuração de
profundidade, o Iraque está inundado de reservas inexploradas que ainda podem
ser alcançadas usando métodos de extração convencionais e muito mais baratos.
Como resultado, a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que o
Iraque duplicará a sua produção actual para 6,1 milhões de barris por dia até
2020 e 8,3 milhões até 2030, superando a Rússia como o segundo maior exportador
de petróleo do mundo, com capacidade para abastecer 45 % do aumento das
demandas globais de petróleo até 2035.
E, mais uma vez, enfatizando uma realidade de onde o petróleo iraquiano
irá liderar, a AIE projecta que a maior parte do petróleo da nação será
exportada para a China e outros mercados asiáticos.
Então, porque é que a falácia da guerra do petróleo permanece tão
popular entre a esquerda? A síndrome da raiva a George W. Bush, que também
inclui um ódio quase patológico pelo ex-vice-presidente Dick Cheney, continua
viva e bem viva. Da mesma forma, a antipatia irracional da esquerda pelo
"Big Oil" (As Grandes Petrolíferas), um termo que representa o
símbolo arquetípico da ganância corporativa e do mal. Junte-se o facto de que
tanto Bush como Cheney eram empresários do ramo do petróleo, e o simbolismo incendeia
um ódio irresistível.
No entanto, vamos assumir como hipótese de trabalho que todas as
acusações feitas pela esquerda quanto a uma guerra pelo petróleo são
verdadeiras. Ao mesmo tempo, introduziremos uma realidade inesquecível na
mistura: neste momento, os combustíveis fósseis, como o petróleo, continuam a
ser a única fonte viável de energia que permitirá aos americanos manterem o seu
padrão de vida actual. Talvez algum dia tenhamos a tecnologia para alterar
radicalmente essa realidade, mas não agora.
Vamos também introduzir outra realidade incontestável na mistura: a
esquerda americana e a sua aliança com o
ambientalismo radical tornaram quase impossível que esta nação se torne
independente em energia. Por outras palavras, se estivéssemos em guerra pelo
petróleo no Iraque, a esquerda americana seria tão cúmplice quanto qualquer
pessoa em engendrar essa realidade - a menos que haja algum movimento de massa
da parte da esquerda para abandonar completamente a tecnologia dependente do
petróleo, como carros, computadores ou (paraíso proibido) iPhones, que continuam
a ser considerados indispensáveis.
Os esquerdistas, apesar de todas
as suas nobres intenções, ainda querem aproveitar o mais alto padrão de vida do
mundo, mesmo que mordam a mão daqueles que se esforçam por prover - e mesmo
e lutam com unhas e dentes para manter a nação pelo menos
parcialmente de boas relações com as pessoas que nos odeiam.
Quanto à guerra no Iraque em
geral, as pessoas podem discordar sobre se a remoção de Saddam Hussein foi o procedimento certo. E podem certamente questionar a necessidade de construir a nação,
"ganhar corações e mentes", e todos os outros disparates
politicamente correctos. Mas é simplesmente uma história revisionista sugerir
que os políticos democratas anti-petróleo, muitos dos quais são citados aqui,
não estavam tão preocupados como republicanos com o perigo que o regime de Saddam Hussein
representava. Autorizar o uso da força foi um esforço bipartidário
baseado numa interpretação compartilhada das mesmas mesmas informações de segurança.
Afirmar que os democratas colaboraram nos supostos lucros do "Big Oil" é simplesmente
absurdo.
Quanto ao petróleo, se consegui-lo tivesse sido uma das principais razões pelas quais libertámos o Iraque, os
desenvolvimentos subsequentes demonstraram que o esforço foi uma falha
colossal. O que obtivemos é o que muitos americanos, convenientemente, esquecem: ao longo de doze anos, combatemos agressivamente o terror, nada se aproximando
remotamente de uma repetição do 11 de Setembro que aconteceu aqui. Que muitos
americanos se tenham esquecido do contexto genuíno que precipitou a guerra tanto no
Afeganistão como no Iraque é surpreendente.
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