Numa descoberta notável, pesquisadores da Universidade de Tel
Aviv (TAU) terão desvendado o mecanismo metastático do melanoma, o mais
agressivo de todos os cancros da pele, e podem, portanto, ter encontrado uma
maneira de o prevenir.
Cientistas
da Universidade de Tel Aviv (TAU) descobriram que, antes de se espalhar para
outros órgãos, o tumor melanoma envia vesículas minúsculas contendo moléculas
de microRNA. Estas
induzem mudanças morfológicas na derme (pele) - em preparação para receber e
transportar as células cancerosas.
Os
pesquisadores também descobriram substâncias químicas que podem parar o
processo e estão a testar drogas.
Os
resultados promissores foram publicados na segunda-feira na proeminente revista
científica Nature Cell Biology.
O melanoma,
o tipo mais agressivo e letal de câncer de pele, causa a morte de uma pessoa a
cada 52 minutos, de acordo com dados da Skin Cancer Foundation, e o
número de casos diagnosticados tem vindo a aumentar nos últimos três décadas.
Apesar
da variedade de terapias desenvolvidas ao longo dos anos, ainda não existe
um remédio completo para esta doença. O
estudo da TAU propõe novos e eficazes métodos para diagnosticar e prevenir o mais mortal câncer de pele.
"A
ameaça de melanoma não está no tumor inicial que aparece na pele, mas sim nas
suas metástases - células cancerosas enviados para colonizar órgãos vitais,
como o cérebro, pulmões, fígado e ossos", disse a líder da pesquisa, Dr.a Carmit
Levy, do
Departamento de Genética Molecular Humana e Bioquímica da Faculdade de Medicina
Sackler da TAU. "Nós
descobrimos como o câncer se espalha para órgãos distantes, e encontramos
maneiras de parar o processo antes da fase metastática".
Dr.a Carmit Levy. (TAU)
Parando
o câncer nos seus estágios iniciais
Os
pesquisadores começaram a examinar amostras retiradas de pacientes
de melanoma, e os resultados foram "impressionantes, de facto", segundo Carmit Levy.
"Estudámos as amostras de melanoma cedo, antes da fase invasiva", disse Levy. "Para
nossa surpresa, encontrámos mudanças que nunca antes tinham sido relatadas, na
morfologia da derme - a camada interna da pele. A nossa
tarefa seguinte foi descobrir como é que estas mudanças ocorrem, e como se
relacionam com o melanoma".
No
estudo longo e complexo que se seguiu, o grupo foi capaz de descobrir - e também
bloquear - um mecanismo central na metástase do melanoma.
De
acordo com a Dr.a Levy, os cientistas já conheciam há anos as formas de
melanoma na camada exterior da pele, a epiderme. Nesta
fase inicial o câncer não é capaz de colonizar células cancerosas colonizadoras,
porque não tem acesso aos vasos sanguíneos - as estradas que levam as células a
outras partes do corpo. Sem
vasos sanguíneos presentes na epiderme, o tumor precisa primeiro entrar em
contacto com os vasos sanguíneos abundantes da derme. Mas como é a
conexão feita?
"Descobrimos
que, mesmo antes de o próprio câncer invadir a derme, ele envia vesículas
minúsculas contendo moléculas de microRNA. Estas
induzem as mudanças morfológicas na derme, em preparação para receber e
transportar as células cancerosas. Tornou-se agora claro para nós, que, bloqueando as vesículas, podemos parar completamente a doença".
Transformando
o Melanoma numa doença não-ameaçadora
Tendo
descoberto o mecanismo, os pesquisadores passaram a procurar substâncias que
podem intervir e bloquear o processo nos seus estágios iniciais. E
encontraram dois desses produtos químicos: o primeiro inibe a entrega das
vesículas a partir do tumor de melanoma para a derme; e
o outro impede as alterações morfológicas na derme mesmo após a chegada das
vesículas.
Ambas
as substâncias foram testadas com sucesso em laboratório, e pode servir como
candidatos promissores para futuros medicamentos. Além
disso, as alterações na derme, bem como as próprias vesículas, podem ser
utilizados como indicadores poderosos para o diagnóstico precoce do melanoma.
"O nosso
estudo é um passo importante no caminho para um remédio completo para o mais
mortal câncer de pele", disse a pesquisadora. "Esperamos
que os nossos resultados venham ajudar a transformar o melanoma numa doença
não-ameaçadora, facilmente curável".
- Tradução nossa; pedimos desculpa por qualquer barbárie médico-científica que tenhamos eventualmente escrito por má tradução, dada a nossa ignorância neste campo (que, aliás, nos fascina).
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