sábado, 5 de setembro de 2015

Os jornalistas e Israel - 3

"Embora a obsessão mundial com Israel seja um dado adquirido, ela é na verdade o resultado de decisões tomadas por seres humanos individuais em posições de responsabilidade, neste caso, jornalistas e editores."

Os jornalistas e Israel - 1

Os jornalistas e Israel - 2



A 5 de Agosto de 2014, o valente jornalista indiano Sreenivasan Jain  divulgava um de vários vídeos do Hamas disparando de áreas civis em Gaza. Apertado pelos odiadores de Israel, escrevia: "Em Gaza, relatamos o que vimos - o Hamas disparando os seus mísseis no meio das crianças de Gaza. Não fazemos fretes, não temos  agendas. E assim vamos continuar". Contámos neste blog essa e outras estórias.


Guia de um "insider" para a história mais importante da Terra

Um ex-correspondente da AP explica como e por que os repórteres entendem Israel tão mal, e porque é que isso é tão importante
Por Matti Friedman
26 de Agosto de 2014
O que é importante na história jornalística Israel, e o que não é...

Um repórter que trabalha na imprensa internacional
aqui em Israel rapidamente compreende que o que é importante na história jornalística Israelo-Palestina é Israel. 
Quem seguir a cobertura mainstream não vai encontrar quase nenhuma análise real da sociedade palestina e das suas ideologias, dos perfis dos grupos armados palestinos, ou investigação sobre o governo palestino. Os palestinos não são levados a sério como agentes do seu próprio destino. 
O Ocidente decidiu que os palestinos deveriam querer um Estado ao lado de Israel, pelo que essa opinião lhes é atribuída como se fosse um facto, embora qualquer um que tenha passado algum tempo com os palestinos reais entenda que as coisas são (compreensivelmente, na minha opinião) mais complicadas. Quem são eles e o que eles querem não é importante: a História decidiu que eles existem como vítimas passivas (...).

A corrupção, por exemplo, é uma preocupação premente para muitos palestinos sob o domínio da Autoridade Palestina, mas quando eu e um outro repórter sugerimos uma vez um artigo sobre o assunto, fomos informados pelo nosso chefe que a corrupção palestina "não era a história." (a corrupção israelita é história, e era, e cobri-mo-la exaustivamente.)

O Mundo Livre envia milhões para o mega-terrorista Mahmoud Abbas, líder da organização terrorista Fatah e presidente da Autoridade "Palestina". Abbas gasta tudo em terrorismo contra Israel e em vida faustosa. Vai construir mais um palácio, em Surda, Ramallah, com uma área total de 27,000m2 e o módico custo de 13 milhões de dólares. Não é notícia.

Temos mostrado inúmeras vezes os incentivos e os prémios que Abbas distribui aos assassinos de judeus. Entre outros actos terroristas, Abbas foi o financiador e o planeador do massacre das Olimpíadas de Munique. Abbas é igual a Osama bin Laden, contudo, como pratica o genocídio de judeus, é uma pop-star para a Imprensa:

As acções israelitas são analisadas ​​e criticadas, e cada falha na sociedade israelita é relatada de forma agressiva. Num período de sete semanas, a partir de 08 de Novembro e até 16 de Dezembro de 2011, decidi contar as histórias  das várias falhas morais da sociedade israelita, falar da legislação destinada a suprimir os media, da crescente influência dos judeus ortodoxos, dos postos avançados não autorizados, da segregação de género, e assim por diante. 
Foram publicados 27 artigos, a uma média de uma história de dois em dois dias. Numa estimativa muito conservadora, nestas sete semanas o número total de histórias foi significativamente maior que as críticas sobre o governo e a sociedade palestina, incluindo os islâmicos totalitários do Hamas, que o nosso departamento tinha publicado nos últimos três anos.

O estatuto do Hamas, por exemplo, apela não apenas à destruição de Israel, mas ao assassinato de judeus, e culpa os judeus pela engenharia das revoluções francesa e russa e pelas duas guerras mundiais; a carta de estatutos do Hamas nunca foi mencionada na Imprensa, quando eu estava na AP, embora o Hamas tenha vencido uma eleição nacional palestina e se tenha tornado assim um dos jogadores mais importantes da região. 

 
Para fazer a ligação com eventos deste Verão: Um observador poderia pensar que a decisão do Hamas nos últimos anos para construir uma infra-estrutura militar debaixo das infra-estruturas civis de Gaza seria considerada interessante, mesmo que apenas por causa do que isso indicaria sobre a forma como o próximo conflito seria travado e o custo para pessoas inocentes. Mas não foi o caso. As posições do Hamas não eram importantes em si mesmas, e, portanto, foram ignoradas. O que foi importante foi a decisão de Israel atacar.

 
O terrorista líder do Hamas, Ismail Haniveh, lança mais um inocente na senda do ódio, do terror e da morte. Enquanto leva vida faustosa com os outros terroristas. Não é notícia.

NOTA NOSSA: A Imprensa não divulga o terrorismo contra Israel nem o terrorismo do Hamas & C.ia contra o próprio povo. Em Gaza, o Hamas usa criancinhas para escavarem os túneis. No fim das obras, são todas assassinadas. Não é notícia. 

Tem havido muita discussão recentemente sobre como o Hamas tenta intimidar jornalistas. Qualquer veterano da Imprensa aqui sabe que a intimidação é real, e eu vi-a em acção, eu mesmo, como editor de notícias da AP. 
Durante os combates de 2008-2009 em Gaza, eu, pessoalmente, apaguei o detalhe-chave de que os combatentes do Hamas estavam vestidos como civis e foram contados como civis na contabilidade de baixas, por causa de uma ameaça ao nosso repórter em Gaza. (A política era então, e continua a ser, de não informar os leitores de que a história é censurada a menos que a censura seja israelita. No início deste mês,o editor de notícias da AP em  Jerusalém apresentou uma história sobre a intimidação do Hamas; a história foi posta no "congelador" pelos seus superiores e não foi publicada.)

Mas se os críticos imaginam que os jornalistas estão clamando para cobrir o Hamas e são frustrados por bandidos e ameaças, geralmente não é assim. Há muitas maneiras de baixo risco para relatar as acções do Hamas, desde que haja vontade: por exemplo sem nenhuma assinatura, ou citando fontes israelitas. Os repórteres são engenhosos quando querem ser.

O facto é que a intimidação do Hamas  é em grande parte irrelevante, porque as acções dos palestinos são irrelevantes: A maioria dos repórteres em Gaza acreditam que o seu trabalho é documentar a violência dirigida por Israel contra civis palestinos. Essa é a essência da história de Israel. 
Além disso, os jornalistas estão a prazo e muitas vezes em risco, muitos não falam a língua e têm apenas uma compreensão ténue sobre o que está a acontecer. Eles estão dependentes dos colegas palestinos que temem o Hamas, apoiam o Hamas, ou ambas as coisas. Repórteres não precisa executores do Hamas para afastá-los dos fatos que turvam a história simples que eles foram enviados para contar.

Não é coincidência que os poucos jornalistas que documentaram os combatentes do Hamas e os lançamentos de mísseis a partir de áreas civis neste Verão não foram, em geral, como se poderia esperar, os das grandes organizações de notícias, com operações grandes e permanentes em Gaza. Foram, na sua maioria, desconexos, periféricos, e recém-chegados finlandeses, uma equipa indiana, e alguns outros. As pobres almas não percebiam exactamente o que se passava.
 CONTINUA

NOTA NOSSA: ver por exemplo "EU VI O JOGO CRUEL E EGOÍSTA DO HAMAS EM GAZA", por Wojciech Cegielski, e a parcialidade farinácea de um lamentável jornaleiro luso.

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