"Os números incríveis dos mortos na última Guerra deixam claro que não nos podemos dar ao luxo de esperar para sermos atacados novamente. Esta é a minha opinião. Esta é a minha história. A paz é algo que tem que ser feito. Ela não vem da passividade."
Pete Townshend
Conclusão de:
A História Judaica dos The Who - 1
Pete Townshend e o seu clássico voo. O rock'n'roll e Israel são coisas muito importantes; são expressões sublimes de LIBERDADE!
O baterista Keith Moon não era um mero metrónomo; a sua abordagem era mais estrutural, orquestral, e se ouvirmos os primeiros singles do grupo vamo-nos surpreender ao ouvir solos de bateria onde tipicamente deveriam estar solos de guitarra, que Townshend raramente tocava.
O baixista John Entwistle trouxe para o mainstream musical os arpejos e riffs, abordando o seu instrumento mais como um teclista do que como um baixista. E Townshend usou a guitarra puramente como um veículo para o som e o impacto. "No rock'n'roll, a guitarra eléctrica foi-se tornando o principal instrumento melódico, realizando o papel do saxofone no jazz e na música de dança, e do violino em Klezmer", escreveu Townshend.
"Won't Get Fooled Again", uma criação e uma actuação que ilustram o parágrafo acima e mostram os The Who no auge da sua pujança:
"Não Seremos Enganados Outra Vez" - Esta canção foi tocada no espectáculo de homenagem aos heróis e às vítimas do 11 de Setembro, num ambiente profundamente emotivo. O vídeo desapareceu do youtube...
Nos últimos anos, os pensamentos de Townshend voltaram-se mais uma vez para as preocupações que expressou "Rael". Como ele disse ao entrevistador da revista Rolling Stone em 2006:
Na semana passada, estive a ler um livro que acaba de sair. É sobre os judeus polacos que saíram dos campos de concentração e voltaram para suas casas, que foram ocupadas por cristãos que assumiram que os judeus não regressariam. O que aconteceu foi uma nova onda de anti-semitismo em que dezenas foram abatidos pelos cristãos em Varsóvia. A justificação apresentada era de que os judeus praticavam bruxaria, que os judeus, bebiam o sangue das crianças. A velha história. Que merda! E eu perguntava-me: "Por é que esta horrenda história me indigna tanto?". É que, quando criança, o meu melhor amigo, Mick Leiber, era judeu. Nós crescemos numa comunidade que era cerca de um terço polaca. Morávamos numa casa que dividia em dois, e na parte superior vivia uma família judia bastante devota. As crianças com que eu brincava eram judeus polacos. Eles eram o meu povo. Lembro-me de perguntar à minha mãe: "Os polacos não são o povo da Polónia?". E ela respondeu: 'Sim, eles foram os primeiros aliados da Grã-Bretanha na Guerra". Eu disse:"Mas eles não são como estrangeiros. Eles são como nós somos". E ela disse: "Sim, eles são como nós".
Ao contrário de outros rockers britânicos, principalmente Roger Waters e Elvis Costello, que são apoiantes exaltados de um boicote cultural de Israel, Townshend detém uma postura pró-Israel , como ele disse ao mesmo entrevistador para a Rolling Stone, a respeito álbum dos The Who, "Endless Wire": uma "mini-ópera" de 10 canções sobre miúdos que formam uma banda de rock num mundo pós 11 de Setembro:
E onde estamos hoje? Estamos na mesma negação apologética anti-semita - é uma política de merda. Tentamos culpar Israel por defender um país que criámos. E eu nem sequer sou judeu! Jesus Cristo! E vamos começar por ele! Doce Jesus! Este álbum tinha absolutamente que ter várias canções sobre Jesus, o homem, Muhammad, o homem, mas não sobre o Cristianismo moderno ou o Islão. Ambos são hoje potencialmente anti-semitas. Quando estava a trabalhar neste álbum eu só pensava: "É tempo de terminar a minha história. Neste momento da minha vida, com ameaças nucleares vindo do Irão e da Coreia, eu estou a ficar impaciente com os ex-hippies ao meu redor. Estou de repente a pensar como um reaccionário, de extrema-direita, belicista. (calão intraduzível) Os números incríveis dos mortos na última Guerra deixam claro que não nos podemos dar ao luxo de esperar para sermos atacados novamente. Esta é a minha opinião. Esta é a minha história. A paz é algo que tem que ser feito. Ela não vem da passividade."
Aliás, "Endless Wire" também inclui uma música chamada "Trilby's Piano", uma canção sobre o amor escondido, proibido, de um homem judeu chamado "Hymie", cantada por Townshend:
Sessão de gravação de "Trilby's Piano":
Aparentemente, a imersão de Townshend nas coisas judaicas tem fraca adesão do seu parceiro musical de 50 anos, Roger Daltrey, que, quando perguntado recentemente se a actual digressão é de facto a última, gemeu como um velho judeu: "Iremos sempre fazer espectáculos para caridade, quando pudermos, porque são de enorme valor para as pessoas e Pete [Townshend] e eu adoramos tocar. Mas não já vamos fazer digressões longas por muito tempo. Estão a dar cabo de nós".
"I'm Free" ("Sou Livre"), mais que o maior hino do rock'n'roll, é o maior hino de uma Civilização:
I'm free-I'm free, (Sou Livre ! Sou Livre)
And freedom tastes of reality, (E a Liberdade sabe a realidade)
I'm free-I'm free,(Sou Livre ! Sou Livre!)
And freedom tastes of reality, (E a Liberdade sabe a realidade)
I'm free-I'm free,(Sou Livre ! Sou Livre!)
An' I'm waiting for you to follow me. (E espero que tu me sigas)
If I told you what it takes (Se eu te dissesse o que é preciso)
If I told you what it takes (Se eu te dissesse o que é preciso)
To reach the highest high,(Para chegar à maior plenitude)
You'd laugh and say 'nothing's that simple' (Ririas e dirias 'Nada é assim tão simples')
But you've been told many times before (Mas já to disseram muitas vezes)
Messiahs pointed to the door (O Messias apontou-te a porta)
And no one had the guts to leave the temple! (Mas ninguém teve coragem de sair do Templo)
How can we follow? (Como podemos seguir?)
You'd laugh and say 'nothing's that simple' (Ririas e dirias 'Nada é assim tão simples')
But you've been told many times before (Mas já to disseram muitas vezes)
Messiahs pointed to the door (O Messias apontou-te a porta)
And no one had the guts to leave the temple! (Mas ninguém teve coragem de sair do Templo)
How can we follow? (Como podemos seguir?)
How can we follow? (Como podemos seguir?)
Seth Rogovoy escreve frequentemente sobre a intersecção da cultura popular e do judaísmo para o Forward. Tem sido muitas vezes confundido nas ruas de grandes áreas metropolitanas com Pete Townshend.
- Esta foi a nossa tradução do artigo original The Secret Jewish History of The Who, publicado pelo site FORWARD. Este site é um exemplo de Jornalismo independente e sério, por oposição à intoxicação do jornaleirismo mainstream. Ajude-o, nem que seja com o seu clique regular.
- Alguns posts sobre os nazis Roger Waters e Elvis Costello:
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