Nos Estados Unidos, apenas 20% da população confia nos media. Na foto, uma mulher vestida com as cores dos Estados Unidos é entrevistada por um jornalista, em Paris.
"A responsabilidade dos meios de comunicação é enorme
na ascensão do populismo".
As palavras são da economista Julia Cagé, professora de Ciência Política em Paris, a propósito da cobertura “jornalística” da eleição de Donald
Trump.
Terça-feira passada, quando as primeiras assembleias de voto
estavam prestes a abrir nos Estados Unidos, os grandes meios de comunicação
norte-americanos, a começar pelo barómetro de previsões do New York Times,
atribuíam 85% das intenções de voto a Hillary. Foram esses os resultados que a
candidata Democrata alcançou em Manhattan e San Francisco.
E apesar disso... gradualmente, a vitória de Donald Trump
tornou-se cada vez mais provável e certa. Até aos resultados que conhecemos. Um
duro golpe que, esperamos, venha alterar o estado de auto-segregação
que caracteriza a elite mediática, política e académica, em ambos os lados do
Atlântico.
Porque é que os media não esperavam a vitória Trump? Em
parte porque não a queriam. Os meios de comunicação dão-nos a ler todos os
dias a visão do mundo que é a deles; a informação não é uma representação
exacta da realidade, mas a construção da realidade por aqueles que a fazem. Os
jornalistas vêem o mundo a partir de onde se situam, e estão num lugar muito
mais elevado, socialmente e economicamente, do que o eleitor americano branco
médio que votou em Trump.
Foi-se o tempo - a década de 1960 nos Estados Unidos – em
que os jornalistas não descreviam as vidas de "pessoas reais", mas
viviam-na; consideravam-se parte da classe operária. Eram do povo, em vez de
irem ao encontro do "povo" ...
- Traduzido (e um bocadinho adaptado) do artigo original do Le Monde, que recebemos através da newsletter do EUROPE-ISRAEL.
Jornalismo de esgoto.
ResponderEliminarBem, gostem ou não gostem, este Donald ganhou. Habituem-se.