quarta-feira, 10 de junho de 2015

Porque não fui ver Patti Smith


 A Bela e o Monstro

Patti Smith é magnética. É o único adjectivo que me ocorre. Funde-se com as canções, voa e leva-nos com ela, e nos intervalos abre os olhos, desfaz a expressão electrizada e abre um dos mais lindos sorrisos do mundo. Muitas vezes lamentei não ter vivido em Nova Iorque quando ela lá andava, no início de carreira. Coisas muito minhas...

Foi namorada de Bruce Springsteen (esse judeu horrendo, passe a redundância) que compôs a banda sonora do respectivo love affair, o hino que a lançou para o estrelato, para o estatuto de ícone, ídolo e culto - Because The Night

Quando regressou à música após um longo interregno, Bob Dylan - outro judeu infecto - deu-lhe a mão, levou-a em digressão e relançou-a. É muçulmana. Pelo menos era o que dizia aos quatro ventos até ao 11 de Setembro. 

Nunca calhou vê-la actuar. Este fim de  semana esteve no Porto. Não fui ver. Era mal empregada a expectativa e o preço do bilhete para ter que me vir embora quando ela começasse com a arenga loonie-leftie da praxe. 

Esta gente não sabe ficar-se pelo que sabe fazer genialmente, e quando abre a boca sem ser para cantar, ou entra mosca ou sai abelha!



Se acham que exagero, deixo-vos este excerto de entrevista, que, tal como Patti, é inadjectivável:

Pergunto-lhe se está optimista neste ano de eleição presidencial, e a resposta vem firme e rápida: "Não. Eu votei em Obama. Fiquei muito feliz quando ele ganhou. Mas Obama não tem sido capaz de efectivamente fazer qualquer coisa que me faça ... ". Smith, que não é de falinhas mansas, pára. E recomeça: "Ele não tem ajudado o meio ambiente. Ele não fechou Guantánamo Bay. Ele continuou no Afeganistão. "
Porque ele segue a política do "antigo regime". George W. Bush, afirma Patti, "adoptou totalmente a ideia de que a questão mais importante do mundo é o terrorismo. Não é a questão mais importante no mundo", diz ela com um aceno solene de cabeça. "Quando pensamos em quantas pessoas os terroristas matam, não são nada. Provavelmente matam tantas pessoas como as que morrem de acidentes de bicicleta na América num ano ou algo assim." Ela acredita que o ambiente é mais importante. "Eu já disse isto várias vezes, e vou dizê-lo um milhão de vezes mais - Estou mais preocupada com a morte de uma abelha do que como o terrorismo. "
"Porque nós estamos a perder colmeias e abelhas aos milhões, por causa dos pesticidas. Podemos viver com o terrorismo. Não podemos viver sem as abelhas".
Sentada em seu quarto de hotel em Covent Garden, Londres, Smith está vestida com o seu velho e usado uniforme - jeans, t-shirt, botas, jóias de prata, cabelo despenteado. O uniforme de um ícone eterno. Fala livremente, com confiança e muitas vezes com sabedoria. Smith, de 65 anos, tem o entusiasmo e envolvimento de alguém de um terço da sua idade, e duas vezes a sua energia. A sua erudição, porém, não tem idade.




A propósito, aqui fica um artigo recente do JewsNews sobre as abelhas...

 

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