segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Abdulateef Al-Mulhim - 'Israel deveria estar no fim da lista'



“Fico com o coração partido ao ver a força aérea síria chacinar crianças [2300, informa o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, de um total de 60 mil vítimas contabilizadas este mês pela ONU]; ao ver a mortandade no Iraque causada pelo sectarismo religioso entre xiitas e sunitas; ao ver inocentes morrerem de fome no Iémen…”, disse-nos o influente analista no Golfo Pérsico. “A destruição e as atrocidades que vejo não são culpa de um inimigo externo. São cometidas por aqueles que deveriam proteger as suas populações. O mundo árabe tem muitos inimigos, mas Israel deveria estar no fim da lista. Os principais inimigos são internos: corrupção, falta de liberdade e desrespeito pelos direitos humanos. Os crimes dos ditadores árabes são muito piores do que todas as guerras israelo-árabes. Veja-se o Egipto: em vez de reconstruírem um país após a queda de Hosni Mubarak, salafistas querem destruir as Pirâmides.”

Abdulateef Al-Mulhim é um de muitos exemplos do que acontece quando a racionalidade se sobrepõe ao ódio. Margarida Santos Lopes, do Público, entrevistou por telefone.

“O inimigo não é Israel – está entre os árabes”

Um inimigo externo, real ou imaginário, é sempre um bode expiatório conveniente, mas este comentador político está a contrariar essa tendência. Na nossa opinião, não haverá evolução positiva na guerra que o mundo Árabe-Muçulmano move a Israel, sem uma evolução de mentalidades e o concurso de uma nova geração de moderados.

Outros artigos deste autor, que o Público também indica: 

Arab Spring and the Israeli enemy / “A Primavera Árabe e o inimigo israelita”

 What if the Arabs had recognized Israel in 1948?/ “E se os árabes tivessem reconhecido Israel em 1948?”

Is Visiting Jerusalem a recognition of Israel? / “Visitar Jerusalém é reconhecer Israel?”

Republic of Iraq – Rich and fractured / “República do Iraque – Rica e fracturada”

A entrevista é interessante, e esperamos que seja um marco no acordar do Mundo Muçulmano, de modo a que os terroristas fiquem cada vez mais isolados, e a paz, a liberdade e a democracia deixem de ser uma miragem. Poupamos palavras que poderiam soar paternalistas em relação ao jornal Público, que tantas vezes alinha no campo anti-Israel sem levar em conta, porventura, as realidades que Abdulateef Al-Mulhimpõe a nu.

Abdulateef Al-Mulhim é saudita - tenhamos este aspecto em consideração, porque as monarquias islâmicas são mais abertas que as repúblicas teocráticas que têm emergido.

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