Se dá na TV, então é bom, de certeza! Mesmo que seja TRAMPA!
É dito frequentemente que Israel "controla" os media. Uma piada de muito mau gosto, como podemos constatar, por exemplo, na onda de terrorismo que assola agora mesmo Israel, e sobre a qual os media nada dizem, ou se dizem, culpam Israel.
Quem controla os media é quem tem o petróleo, os biliões. Note que este artigo é um mero exemplo. Há casos, periodicamente divulgados pelos media independentes, de jornalistas e políticos Ocidentais comprados pelas monarquias do Golfo.
COMPRANDO O SILÊNCIO: COMO O MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS SAUDITA CONTROLA OS MEDIA ÁRABES (E MAIS ALÉM)
ref: Wikileaks
Via the palestine-israel conflict, 6.7.2015
Na segunda-feira, a Arábia Saudita comemorou a decapitação de seu centésimo prisioneiro este ano. A história esteve longe dos media árabes, apesar de ser do conhecimento das agências de notícias. Mesmo os media internacionais ficaram relativamente mudos em relação ao que teria sido notícia prioritária se estivesse em causa um país diferente. Como é que uma história como esta passa despercebida?
Esta mulher não voltará a ter a veleidade de conduzir um carro, após a punição que a imagem retrata. Na Arábia Saudita removem o clitóris às mulheres, cobrem-nas com panos negros, não lhes permitem sair de casa, deixam-nas morrer para não serem tocadas por um médico homem, são punidas com 200 chicotadas e 6 meses da cadeia se forem violadas, etc., etc., etc.. Já viu alguma coisa na TV?
A divulgação, hoje, dos WikiLeaks "Sauditas", documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros Saudita, mostra como as coisas são feitas.O Reino da Arábia Saudita, rico em petróleo, e a sua família governante, têm uma abordagem sistemática de manutenção da imagem positiva do país no cenário internacional.
A Arábia Saudita controla a sua imagem por meio da monitorização dos media e da compra de lealdades, da Austrália ao Canadá e um pouco de todo o Mundo.
Os documentos agora tornados públicos revelam os esforços da Arábia Saudita para controlar os media árabes, certificando-se de que eventuais desvios na cobertura regional da Arábia Saudita e de questões relacionadas com a Arábia Saudita são corrigidos.
A estratégia da Arábia Saudita para com os media árabes assume duas formas, correspondentes à abordagem estilo "pau e cenoura", que é referida nos documentos como "neutralização" e "contenção". A abordagem é personalizada em função do mercado e dos media em questão.
Sabia que a National Geographic de Setembro não foi publicada na Arábia Saudita, porque trazia o Papa Francisco na capa? A "grande Imprensa" não se atreveu a dar a notícia.
"CONTER" E "NEUTRALIZAR"
A reacção inicial a qualquer cobertura negativa nos media regionais é "neutralizá-los". O termo é usado com frequência nos documentos publicados pelo Wikileaks, e refere-se a jornalistas individuais e órgãos de Informação, cujo silêncio e cooperação foi comprado.
Não se espera que jornalistas e media "neutralizados" louvem ou defendam o Reino, mas apenas que não publiquem notícias que se reflictam negativamente sobre o Reino, ou qualquer crítica às suas políticas.
A abordagem de "contenção" é usada quando é necessário um esforço de propaganda mais activo.
Dos jornalistas e meios de comunicação comprados para o trabalho de "contenção" exige-se não apenas que cantem louvores ao Reino, mas que conduzam ataques contra qualquer parte que se atreva a criticar o poderoso Estado do Golfo.
Uma das formas de "neutralização" e "contenção" é a compra de centenas ou milhares de assinaturas das publicações seleccionadas. Essas publicações ficam então obrigadas a devolver o favor, tornando-se um "activo" na estratégia de propaganda do Reino.
Uma lista de publicações que precisavam de renovação de assinaturas até 01 de Janeiro de 2010 detalha uma série de somas avultadas atribuídas a duas dezenas de publicações em Damasco, Abu Dhabi, Beirute, Kuwait, Amã e Nouakchott. Os montantes variam de 500 a 9.750 dinares do Kuwait (33.000 dólares).
O Reino compra "acções" nos meios de comunicação, e os "dividendos" fazem o caminho inverso, do meio de comunicação para o accionista.
A Arábia Saudita recebe os "dividendos" políticos: uma Imprensa complacente.
A Arábia Saudita (campeão de violação dos Direitos Humanos) foi admitida na Comissão de Direitos Humanos da ONU! Viu alguma coisa na TV?
Um exemplo dessas práticas de controle dos media pode ser visto numa troca de mensagens entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita e a sua Embaixada no Cairo. Em 24 de Novembro de 2011, a estação de transmissão em Língua Árabe do Egipto, ONTV, recebeu e entrevistou a figura da oposição saudita Saad al-Faqih, o que levou o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita a dar instruções à Embaixada para pressionar a ONTV. O Ministério pediu à Embaixada para descobrir "como 'comprar' a OMTV, ou então devemos considerá-la nas fileiras da oposição às políticas do Reino".
O documento relata que o bilionário proprietário da estação, Naguib Sawiris, não queria ser considerado como "oposição às políticas do Reino", pelo que repreendeu o director do canal, mandando-o "não voltar a entrevistar al-Faqih". Também foi mandado perguntar ao Embaixador se ele gostaria de ser "um convidado do programa".
Os leaks sauditas estão repletos de exemplos semelhantes, alguns detalhando as somas e as formas de pagamento. Estas variam de quantias pequenas, de cerca de 2.000 dólares/ano para os meios de comunicação dos países em questão - por exemplo,a Agência de Notícias Guineense "precisa urgentemente" dessa quantia, que "iria resolver muitos problemas que a agência está a enfrentar" - até milhões de dólares, como no caso do canal libanês de televisão MTV.
CONFRONTO
O "neutralização" e as abordagens de "contenção" não são as únicas técnicas que o Ministério saudita está disposto a empregar. Nos casos em que a "contenção" não produz o efeito desejado, o Reino avança para o confronto.
Um exemplo: o Ministro dos Negócios Estrangeiros deu cumprimento a um Decreto Real de 20 de Janeiro de 2010 para remover a nova rede de notícias de Língua Árabe do Irão, Al-Alam, o principal operador de comunicações regionais por satélite com sede em Riyadh, a Arabsat. Como o plano falhou, Saud Al Faisal procurou "enfraquecer o sinal de transmissão" da estação em causa.
Na Arábia Saudita é crime solicitar reformas políticas. O Governo persegue implacavelmente quem o expressa, mesmo que seja na Internet. Liberdade de religião, opinião, associação, igualdade perante a Lei, são tudo miragens na Arábia Saudita. O país é regido pela lei islâmica.
Os documentos mostram a preocupação do Governo saudita com as convulsões sociais de 2011, no que ficou conhecido nos media internacionais como a "Primavera Árabe".
Os documentos revelam a preocupação do Governo, porque, após a queda de Mubarak, a cobertura das manifestações na Imprensa egípcia estava "a ser conduzida pela opinião pública em vez de dirigir a opinião pública".
O Ministério resolveu "dar apoio financeiro a instituições de comunicação influentes na Tunísia", o berço da "Primavera Árabe".
Os leaks revelam que o Governo emprega uma abordagem diferente para a Imprensa nacional. Lá, um aceno de mão Real é tudo o que é necessário para pôr na ordem os meios de comunicação controlados pelo Estado.
A reclamação do ex-primeiro-ministro libanês e cidadão saudita Saad Hariri, relativa a artigos críticos dele nos jornais sauditas Al-Hayat e Asharq Al-Awsat, foi de imediato atendida com uma ordem aos jornais para "pararem com esse tipo de artigos".Esta é uma visão geral da estratégia do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita para lidar com os media. Os documentos sauditas no WikiLeaks contêm inúmeros outros exemplos que ilustram o estado dos meios de comunicação no país e a nível global.
P.S. - Ainda há bocado, no "Olhar o Mundo", da RTP Informação, a voz off afirmava qualquer coisa como que Israel é o "invasor" em Jerusalém, e um "especialista" qualquer dizia que "o motivo do actual conflito é que os judeus insistem em visitar a 'Esplanada das Mesquitas', sabendo que é proibido". Em rodapé a "informação" de que "os confrontos já causaram 6 mortos" - omitindo que os mortos judeus são vítimas e os mortos árabes são terroristas abatidos porque estavam a disparar sobre a multidão. Mais disse o tal senhor, uma acalamda autoridade na matéria, que Mahmoud Abbas (que bem que ele expirou o "h" do Mahmoud...) é um "moderado". A aldrabice desbragada e equidade moral entre terroristas e vítimas é o melhor que se pode esperar da Imprensa.
Para a Imprensa, mortos judeus ou cristãos não são gente.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentários temporariamente desactivados. As nossas desculpas.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.