À saída da missa de domingo passado em Peshawar, os terroristas islâmicos paquistaneses mataram 80 cristãos. Durante a semana mataram 17 pessoas num ataque a um autocarro que transportava funcionários do Governo. Hoje chega a notícia de pelo menos 38 mortos em novo ataque. O número de feridos só nestes três ataques terroristas é incontável. O que querem os taliban (estudantes de Teologia islâmica)? A Sharia no lugar da Constituição, as leis islâmicas no lugar das leis civis.
Neste revelador artigo, um muçulmano paquistanês, idealista, tenta levar as pessoas a participar numa vigília pelas 80 vítimas cristãs do massacre da Igreja de Peshawar, domingo passado. Consegue angariar 40 seguidores, metade dos que morreram. Tenta então obter o apoio de um imã para condenar o ataque, e colhe uma desilusão. A esta hora, continua a tentar, e talvez consiga.
O que é pena é que, no Mundo Islâmico como no Ocidente, os esforços oficias se concentrem em condenar o debate e qualquer acção real contra as crenças e premissas que levam ao terrorismo islamista.
Que haja muitos muçulmanos moderados e conscientes como este, são os nossos votos, pois só com os moderados o terrorismo em nome do Islão poderá acabar:
"Eu pedi ao meu Imã para condenar a Explosão na Igreja Peshawar, e você? "
Jibran Nasir para o Express Tribune,28 de Setembro
Como a maioria das pessoas ao meu redor, fiquei chocado, revoltado e indignado com a explosão na Igreja de Peshawar, um ataque terrorista durante a missa dominical A tragédia ocorreu num momento em que essas pessoas procuravam estar mais perto de Deus, a partilhar medos, preocupações, emoções e segredos. Só de imaginar que não se pode ter este tempo pessoal com o Deus Todo-Poderoso já é preocupante.
O primeiro pensamento que me veio à mente foi fazer uma vigília para homenagear os falecidos. Decidi iniciá-la. Na terça-feira, apenas 40 pessoas se juntaram a mim fora do Clube de Imprensa. Acendemos velas, orámos e proferimos palavras de protesto. Meia hora depois, percebi que estava a pregar aos convertidos, e que, apesar de ser necessário criar empatia com os lesados, a vigília foi em grande parte inútil.
Em seguida, ocorreu-me que a solução de todos os problemas está na educação.
Num país de maioria muçulmana, onde as minorias estão a ser submetidos a atrocidades sem fim, eu perguntava-me como poderia passar a palavra sobre o que o Islão nos ensina em termos de direitos das minorias.
A resposta foi simples - por meio da mesquita. Esta é a única instituição onde 60 a 70% da população deste país está "informada" sobre o Islão
Lancei então uma campanha no Facebook, pedindo a amigos para visitarem as mesquitas locais e solicitarem aos seus imãs para condenarem a explosão de Peshawar, e para falarem sobre os direitos das minorias no Islão nos seus sermões de sexta-feira.
As orações de sexta-feira são a maior congregação semanal dos muçulmanos, e a melhor maneira de interagir com cada possível classe/sector/segmento da sociedade, por isso parecia-me uma boa ideia. Tive algumas respostas positivas, mas muitas preocupações expressas e temores de recusa dos imãs. Eu não podia culpá-los por se sentirem desencorajados. A gente nunca pode realmente saber como o imã vai reagir.
Quarta-feira, no entanto, decidi fazer o teste por conta própria.
Fui à mesquita do meu bairro, mas nenhum dos meus conhecidos estava disposto a ir comigo falar com o imã. Quando souberam que eu iria pedir-lhe para condenar o ataque suicida na Igreja de Todos os Santos, e que isso os obrigaria a darem o seu ponto de vista sobre os taliban paquistaneses, começaram a hesitar.
Sentei-me com o Imã após as orações e tentei levar adiante a minha proposta, da maneira mais suave possível, e julgar a reacção dele. A conversa de 30 minutos que se seguiu foi frustrante. Um pedido para condenar um ataque contra a igreja transformou-se num debate sobre os EUA, os taliban, Malala e a Primavera Árabe .
No entanto, eu sou persistente, e acredito que esta é a única maneira de criar a mudança.
Finalmente a minha paciência deu frutos. Obtiveo apoio de um homem idoso que viu sabedoria nas minhas opiniões e ajudou-me a persuadir o imã. Por fim, ele lá concordou em discutir os direitos das minorias no Islão, no seu Jumma Bayan (sermão de sexta-feira), com a condição de discutir os direitos da maioria também.
Este passo, por pequeno que seja, foi um passo, ainda assim.
Na sexta-feira, deixei o meu escritório para ir fazer as minhas orações na mesquita do bairro. Cheguei tarde, mas procurei encontrar um local em frente ao imã.
O imã reparou em mim e sorriu.
Poucos minutos depois, ele começou a falar sobre o conceito de justiça no Islão e disse que, como muçulmanos, não devemos fazer discriminação, mesmo que isso diga respeito a um não-muçulmano. No entanto, não houve condenação do ataque da igreja de Peshawar, e não houve qualquer referência aos direitos reais das minorias.
Esperava por muito mais, e fiquei de coração partido, muito desanimado. Pensei que talvez o imã ainda falasse sobre o ataque terrorista no encerramento do serviço religioso. Não o fez.
No momento, quando a cerimónia terminou, senti a necessidade de abordar o imã e pedir-lhe para rezar pelas minorias e pela protecção dos seus lugares de culto. Mas reconsiderei, pois se desse esse passo estaria a mostrar-lhe o seu erro, e perderia um canal de comunicação.
Esperei entre a multidão para falar com ele em particular. Ele sorriu e disse:
"Eu tentei levantar a questão. Você ouviu?"
Eu claramente não parecia convencido. E disse-lhe:
"Imã Sahib, que tal discutir os direitos das minorias religiosas? Eu vim até aqui para ouvi-lo falar sobre os direitos dessa gente."
Ele disse:
"Eu vou fazer isso na próxima Jumma".
"Então eu virei aqui fazer as minhas orações na próxima Jumma", foi a minha resposta.
Eu aprendi e percebi que, para pedir a alguém que pregue a tolerância, eu também preciso ser tolerante e paciente. Não importa quantos Jummas sejam precisos para informar e educar a nossa sociedade; afinal, Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Tento consolar-me com o facto de que, pelo menos, o imã trouxe aflorou o assunto - algo que não teria acontecido se eu não me tivesse aproximado dele. Como eu disse, são pequenos passos ...
Depois da minha experiência, muito poucos dos meus amigos foram às suas mesquitas locais falar com os seus imãs. Como resultado, apenas os imãs de quatro mesquitas em Karachi concordaram em discutir o assunto.
É uma luta dura, mas é a boa luta e tem que ser combatida. O caminho é longo e difícil.
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