segunda-feira, 17 de março de 2014

"Purim de Hitler"



História de Purim 1942: "Purim de Hitler" em Marrocos

Em 1940, os nazis invadiram a França, e herdaram o império colonial francês, que incluia os actuais Marrocos, Argélia e Tunísia. O governo de Vichy, de França, que controlava as colónias francesas no norte da África, colaborou activamente com os nazis, e muitos judeus na França foram enviados para campos de extermínio. No entanto, em 1942, as Forças Aliadas invadiram os territórios controlados por Vichy - Marrocos, Argélia e Tunísia - derrotando os nazis e os seus colaboradores de Vichy. Os judeus da África do Norte viram essa invasão como um milagre dos céus, que poupou as suas comunidades de sofrerem o mesmo destino que os judeus da Europa foram obrigados a suportar.
Na época da invasão dos Aliados, 330 mil judeus viviam nos territórios controladas pelos franceses na África do Norte. Sob o governo de Vichy, os judeus foram despojados de seus direitos civis, os seus bens foram confiscados, suportaram pogroms violentos dos muçulmanos, e muitos homens foram também enviados para campos de trabalhos forçados. O regime de Vichy também tinha procurado deportar os judeus do norte da África para campos de extermínio, mas o  Rei Mohammed V de Marrocos  recusou-se a cooperar neste plano, o que resultou em atraso na deportação dos judeus marroquinos. No final, devido à intervenção dos Aliados, os judeus da África do Norte não foram enviados para campos de extermínio.


Para comemorar este evento na História, a comunidade judaica de Casablanca declarou o 2 de Kislev, data da invasão aliada de Marrocos, o "Purim. de  Hitler". P. Hasine, um professor de Hebraico de Casablanca, até escreveu um Megillat Hitler, que está em exposição nos EUA, no Museu Memorial do Holocausto. O Megillat Hitler combina a história de como os judeus de Shushan foram poupados do genocídio planeado por Hamã, com a sorte que a comunidade judaica de Casablanca teve durante a Segunda Guerra Mundial. O pergaminho Megillat Hitler, escrito em Hebraico, toma passagens do Livro de Ester, como "o mês que tornou a tristeza em regozijo", e utiliza simultaneamente referências modernas, amaldiçoando Hitler e Mussolini.

Os judeus marroquinos, além de lerem o Megillat Hitler em 2 de Kislev, iniciaram celebrações alegres e deram presentes aos pobres, como todos os judeus tradicionalmente fazem em Purim. Além disso, amaldiçoaram Hitler, os nazis, e todos os anti-semitas que têm como alvo o povo judeu ao longo das gerações. De facto, para os judeus marroquinos, existem paralelos simbólicos significativos entre a história de Purim e a sua comunidade ter sido salva de ser enviada para campos de extermínio. Em primeiro lugar, os judeus marroquinos foram poupados de ser assassinados por um regime em busca do genocídio contra o povo judeu, assim como os judeus de Shushan. Em segundo lugar, assim como a Rainha Ester entrou em cena para salvar os judeus de Shushan, os Americanos intervieram para salvar os judeus da África do Norte, desempenhando assim o papel da  Rainha Ester nos nossos dias.

 

É claro que é natural que haja diferenças entre as duas histórias. Infelizmente, as Forças Aliadas permitiram a todos os altos funcionários do regime de Vichy que permanecessem no poder na África do Norte. Não houve repressão das forças anti-semitas no norte da África. Na verdade, o Escritório de Assuntos Judaicos de Vichy continuou a operar, sob o domínio dos Aliados, bem como os campos de trabalhos forçados; os judeus também não recuperaram os seus direitos civis, e os judeus argelinos não receberam de volta a sua cidadania francesa. A vitória dos judeus contra o anti-semitas não foi completa no Norte da África, como foi no antigo Império Persa. Ainda assim, no entanto, o facto de os judeus marroquinos terem sido poupados do horror completo do Holocausto, é algo que deve ser comemorado e lembrado aos judeus que ao redor do mundo comemoram o Purim.
Por Rachel Avraham
Unidos com Israel

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentários temporariamente desactivados. As nossas desculpas.