quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Massacre de Pittsburgh - o motivo religioso

Na sequência do post anterior:

Entendendo o Massacre de Pittsburgh

As vítimas do Massacre de Pittsburgh


O autor do massacre, Robert Bowers, tinha como lema, expresso nos seus tweets e nas suas páginas das redes sociais:

 "os judeus são filhos do diabo"
"João, 8:44" "o senhor jesus veio em carne"







A QUESTÃO ESSENCIAL

Antes de quaisquer considerações, nomeadamente as de tipo religioso:
Fará sentido, nos dias de hoje, assassinar alguém por causa do que foi escrito há 1800 anos?


Robert Bowers, autor do massacre.

Poderíamos muito bem ficar por aqui.  Pensamos que qualquer pessoa dotada de algum bom-senso sabe a resposta. E é confrangedor ter de defender o óbvio.

DISCORDAR NÃO OBRIGA A ODIAR

O Evangelho de João é anónimo (historiadores e autoridades religiosas concordam) e foi escrito no século 2 da Era Comum.
Os Evangelhos - lembramos - têm sofrido com alterações (propositadas ou acidentais) e com erros de tradução e interpretação. Não nos admiraríamos, por isso, que esta passagem tivesse sido mutilada. Mas essa, de novo, não é essa a questão essencial.
O mais importante é:
Está escrito em algum dos Evangelhos, em alguns dos Actos dos Apóstolos, que se deve matar os judeus? Não é a mensagem cristã, como a mensagem judaica, possível de resumir na máxima: "Ama o próximo como a ti mesmo"?

«Amarás o teu próximo como a ti mesmo»
(Levítico 19:18)
 «Amarás ao teu próximo como a ti mesmo»
(Mateus 22:39)


Cerimónias fúnebres em Pittsburgh reuniram judeus e cristãos.


O Cristianismo começou por ser uma seita dentro do Judaísmo. Os Evangelhos parafraseiam constantemente a Torá, (Antigo Testamento, para os cristãos).
A discórdia fundamental entre Judaísmo e Cristianismo é sobre o Messias, que para o Judaísmo ainda não veio, e para o Cristianismo já veio, na pessoa de Jesus de Nazaré.
Uma discórdia teológica não deveria ser motivo de ódio, quanto mais de assassinato. O Rabino Ventura é um dos que explicam regularmente o ponto de vista judaico:


Os budistas, os xintoístas, os animistas, os ateus, os agnósticos, e tantos outros, também não têm uma opinião sobre Jesus. Mas apenas aos judeus (por serem da religião que originou o Cristianismo) se exige a conversão. No entanto, os cristãos também recusam a reconhecer Maomé como o definitivo Messias!
- Para os judeus, Jesus Cristo não cumpriu nenhuma das condições para ser o Messias que o Judaísmo aguarda. Se se interessa pelo assunto, conheça as razões AQUI.

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Desde que comecei a colaborar neste blogue, o que mais tenho ouvido de amigos é "Mas porque é que tu apoias esses gajos, se eles não aceitam Jesus Cristo?". Geralmente pergunto-lhes porque é que não aceitam o Buda, Maomé, Confúcio, o Guru Nanak. É assim que tenho perdido os meus amigos...

Note-se que ninguém é obrigado a gostar, ou até a tolerar, os judeus. Cada um é livre de desgostar, de abominar, de odiar a quem quiser, nomeadamente aos judeus. É perfeitamente lícito e aceitável ter asco deles, do seu aspecto, de como se vestem, dos seus costumes,  da sua religião, da sua forma de ser, pensar e estar! Quando toca a fazer-lhes mal, a conversa já é diferente. Além do mais, os judeus nunca cobraram desforra dos cristãos por causa das Cruzadas, da Inquisição e dos pogroms. Nem dos alemães por causa do Nazismo. Nem de ninguém, por causa das muitas perseguições que lhes são movidas devido à sua estranha mania de nascerem judeus.

 
Nem todos os judeus são todos assim patuscos como estes seguidores do Rabino Nachman, mas não terão direito à vida, mesmo sendo patuscos?...  O famoso direito à diferença não chegou aos judeus?...


  GUERRAS RELIGIOSAS, HOJE?


Na foto acima podemos ver  Daniel Stein, de 71 anos, uma das vítimas do massacre, com a sua família. Fará sentido assassinar estas pessoas por causa de uma passagem escrita há 1800 anos, por um autor desconhecido, ainda que num livro considerado sagrado por mais de 2 biliões de cristãos?

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Ao contrário do que vulgarmente se pensa, não foi apenas a Igreja Católica que matou em nome de Deus. Abundam os exemplos similares por parte de outras confissões cristãs, nomeadamente os Protestantes, com Martinho Lutero, que se tornou um feroz anti-semita porque os judeus se recusaram a converter-se aos ideais da Reforma. 
Hoje, a generalidade das Igrejas Protestantes defendem que "um ataque aos judeus é também um ataque aos protestantes".
A Igreja Católica, a confissão cristã que mais seguidores tem, pediu perdão pelos crimes  cometidos pela instituição, noutros tempos e à luz de outras mentalidades:


"A 7 de março de 2000,o Papa João Paulo II fez algo inédito na história da Igreja Católica. A partir da Basílica de São Pedro, aproveitou a entrada na Quaresma para pedir perdão pela Inquisição, pelas Cruzadas e por todos os atos em que, em nome de Cristo, a Igreja recorreu à violência".

O Islamismo continua a sua eterna "guerra santa", ou "jihad", contra todos os "infiéis", nomeadamente contra os cristãos e os judeus, porque ambos recusam converter-se ao Islão.
É a única religião (embora o Islão seja muito mais que uma religião) que mantém, nos nossos dias o conceito de "guerra santa".

Visite o site LEI ISLÂMICA EM AÇÃO

e a nossa secção ISLÃO - O QUE O OCIDENTE PRECISA SABER



Islamismo é fascismo. O Islão foi aliado de Hitler e do Nazismo.



LÓGICA ANTI-SEMITA
Robert Bowers odeia muçulmanos, porque estes matam quem não se converte ao Islão.
Robert Bowers foi matar judeus, porque estes não se convertem ao Cristianismo.
Os judeus são as vítimas prioritárias dos nazis.
Eis a lógica dos neo-nazis.


O famoso costureiro Karl Lagerfeld é um dos corajosos alemães que denuncia o anti-semitismo dos colonos maometanos.

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NOTA FINAL
Note por favor que não pretendemos hostilizar os cristãos, (o nosso blogue não tem nem nunca teve orientação religiosa, aliás) apenas porque o assassino Bowers se diz cristão.   Não há doutrina cristã, hoje, que ordene matar os não-cristãos.
As guerras religiosas afectaram praticamente todas as religiões, não apenas as religiões Abraâmicas. Noutros tempos matava-se por motivos que hoje nos parecem absurdos. A religião não fugiu à regra.
Tão-pouco os judeus foram as únicas vítimas de guerras religiosas. Católicos e Protestantes degladiaram-se durante séculos. Os judeus tiveram uma sangrenta guerra entre fariseus e saduceus, nos tempos bíblicos.




Massacre da Noite de S. Bartolomeu, 23 e 24 de Agosto de  1572.

Robert Bowers diz-se cristão, mas o seu pensamento e comportamento não o é.  Tal como os nazis, ele é um neo-pagão, que apenas admira a Força e que idolatra o ser humano. É um adepto do exclusivismo e um inimigo da Consciência (essa "invenção dos judeus", segundo a acusação de Hitler).
Os nazis, exteriormente, também se diziam cristãos. No entanto, a sua crença era outra.  Mudaram até a oração do Pai Nosso para "Pai Nosso, Adolfo, que estais na Terra, santificado seja o Teu nome, venha a nós o Terceiro Reich ... ”.
Confira na nossa secção recente:
 

Ocultismo, New-Age, Nazismo e Extrema Esquerda


Robert Bowers é alguém a quem, como a Hitler, os judeus fazem lembrar que existe um Deus. É alguém que foi desde o berço ensinado a culpar os judeus por todas as contrariedades da vida e vicissitudes deste mundo.
O estudo do anti-semitismo ao longo da História revela que este sentimento é como um vírus mutante, que se adapta a qualquer cenário social, político e económico. Os judeus são o bode expiatório mais antigo e duradouro. Mas são também os canários na mina da Humanidade. Quando eles são atingidos, podemos todos esperar pela pancada, porque seremos nós a seguir.

"Quando os nazis vieram buscar os comunistas,
eu fiquei em silêncio;
eu não era comunista.

Quando eles prenderam os sociais-democratas,
eu fiquei em silêncio;
eu não era um social-democrata.

Quando eles vieram buscar os sindicalistas,
eu não disse nada;
eu não era um sindicalista.

Quando eles buscaram os judeus,
eu fiquei em silêncio;
eu não era um judeu.

Quando eles me vieram buscar,
já não havia ninguém que pudesse protestar."

Martin Niemöller, pastor luterano alemão, perseguido pelos nazis.

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