domingo, 20 de abril de 2014

"O pão do homem pobre"


Não somos um blog judaico, nem confessional, de nenhuma religião, mas aqui vai esta crónica, para melhor entendimento da cultura Hebraica.
Matza, o mais simples dos alimentos, oferece uma lição de vida significativa

Há tanta coisa para aprender sobre a espiritualidade da observância da Páscoa, até quando se come matzá, o mais simples dos alimentos. 
Páscoa feliz a todos! Espero que aproveitem o feriado, tanto quanto eu!
Nesta edição especial da coluna sobre a Torá no United With Israel, gostaria de compartilhar algumas das interpretações simbólicas e espirituais da matzá, que comemos durante os oito dias da Páscoa.
Em Israel observamos sete dias da Páscoa, como ordena a Torá. Por razões fora do escopo deste artigo, no entanto, há um dia a mais para aqueles que vivem no exílio.
Vamos reflectir sobre isto por um momento. Conhece a receita? Não? É sem fermento. Sem bicarbonato de sódio. Sem açúcar. Sem sal também! A receita é simples: farinha e água. Sem aditivos. Sem conservantes.
 - Nota nossa: pode ver como se faz, nas Receitas da Vovó Cristina.
Um símbolo de Espiritualidade 
É por causa dos seus ingredientes mínimos que a matzá é chamada lechem oni. Lechem é pão em hebraico, e oni significa pobre. Assim, a matzá é também conhecida como "o pão do homem pobre". 
A pessoa pobre não tem nada que não seja o básico mais absoluto. Assim também, o pão da Páscoa é feito com o mais básico. Este básico - farinha e água apenas - o conteúdo da matzá, simboliza tanto um processo de simplicidade e depuração, como a liberdade espiritual.
O Talmude ensina que quanto mais uma pessoa está ocupada com o mundo físico e a busca de bens materiais, mais a sua mente está ocupada com assuntos mundanos, não espirituais. O pobre, por outro lado, não tem posses, e, portanto, está apenas minimamente ocupado com o mundo físico e material. Como tal, frequentemente, são as pessoas pobres que estão mais focados na espiritualidade e no crescimento espiritual.
Talvez, apenas talvez, a matzá que comemos na noite santa da Páscoa, no Seder, na noite em que Deus nos resgatou do Egipto e nos solidificou como sua nação e seu povo, exista para nos lembrar que, se realmente desejamos conectar-nos com Ele, temos de nos concentrar na simplicidade.

Retornar à Terra de Israel foi um "milagre da Simplicidade" 
Claro, todos nós queremos riqueza. E, claro, nós temos necessidades que devem ser atendidas. Mas a matzá está lá para nos lembrar que a busca infinita de bens e riqueza não é a "rota do Egipto", que devemos tomar se nos quisermos aproximar de Deus.

O PM Benjamin Netanyahu visita a fábrica de matzá Kfar Chabad. (Foto: Kobi Gideon/Flash90)
O retorno do povo judeu à terra de Israel foi nada menos que um "milagre de matzá", um milagre de simplicidade. Basta olhar através das páginas da História e verificar como temos desafiado todas as regras. Nenhuma nação jamais manteve a sua identidade, numa situação de exílio, como nós temos mantido. Nenhuma nação teve a audácia, após 2.000 anos de exílio, de voltar para casa, pegar nos destroços e reconstruir um país sobre as cinzas do Holocausto. Éramos um punhado de sobreviventes carentes, com pouco armamento, que conseguiram fazer retirar os exércitos de cinco países poderosos e declarar a restauração do Estado de Israel.
Portanto, com cada dentada de matzá que dê nesta Páscoa, lembre-se de que somos um povo de milagres. Somos um povo que não precisa de quantidades infinitas de riqueza e bens materiais, a fim de ter sucesso. Nós desafiamos as leis da História e da Natureza. Aprecie o que tem. Se você precisasse de mais, Deus teria assegurado que você o teria.
Comemore os milagres. Comemore a sua liberdade. Comemore a sua simplicidade!
Autor: Rabino Ari Enkin, Diretor Espiritual da organização United with Israel
 

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