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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Nova era: países árabes e africanos escolhem Israel ao invés dos "palestinos"


 
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reúne com sete líderes da África no Uganda, em 4 de Julho de 2016. (GPO / Kobi Gideon)

Muitos países árabes e africanos estão a "enfrentar a percepção de que a questão 'palestina' ... não é do seu interesse nacional".

Por Israel Kasnett, JNS

Dizem que a História se repete, mas às vezes faz-se História.

Quando oito países árabes se reuniram em 1967 em Kartum, no Sudão, para condenar Israel apenas alguns meses após a Guerra dos Seis Dias e anunciaram o que ficou conhecido como os "Três Nãos" - não há paz, não há reconhecimento, não há negociações - nenhum deles poderia imaginar que 53 anos depois, o líder do Sudão procurava um líder israelita para dizer "sim" ao estabelecimento de relações diplomáticas.

E foi exactamente o que aconteceu esta semana, quando o general sudanês Abdel-Fattah al-Burhan, chefe do governo de transição do Sudão, voou para o Uganda para se encontrar com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, que estava lá para uma reunião com o presidente ugandês, Yoweri Museveni.

Dore Gold, presidente do Centro de Assuntos Públicos de Jerusalém, disse ao JNS que a reunião entre Netanyahu e al-Burhan foi a "conquista culminante" da visita do primeiro-ministro.

"Esta é uma semana em que o mundo árabe está a ser mobilizado pela OLP para se opor ao plano de Trump", disse ele.

“A esperarmos algo nesta semana, seria que os países árabes se afastassem de Israel. O que é irónico com esta acção sudanesa é que Israel está a ser abordado pelo Sudão precisamente no momento em que a Liga Árabe está a afastar-se. ”

"Isso também torna este desenvolvimento um acontecimento marcante", acrescentou.

Para Israel, a reunião marca um passo importante no sentido de melhorar os laços com os países africanos e árabes.

Gold, ex-director geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ajudou a promover os laços diplomáticos de Israel em África.

Israel renovou os laços diplomáticos com a Guiné em 2016. Depois de Netanyahu ter visitado o Chade para uma renovação de laços em 2019, foi relatado que Israel estava a trabalhar para formalizar os laços com o Sudão.

Segundo Gold, o Sudão é um país enorme com uma história contemporânea, "o que o tornou um dos centros do Islão jihadista por muitos anos".

Gold refere-se à década de 1990, quando Hassan Turabi, líder do Sudão na época, acolhia uma dúzia ou mais de organizações terroristas para a sua reunião anual, que incluía a Irmandade Muçulmana, o Hamas, a OLP e o Hezbollah.

"O convidado mais famoso do governo sudanês nos anos 90 foi um dissidente saudita chamado Osama bin Laden", disse ele. "Então, isso faz do Sudão um lugar muito significativo."

O Sudão, um país de maioria árabe-muçulmana que faz fronteira com o Egipto ao sul, há muito tempo é visto como uma nação hostil ao Estado judeu.

O Sudão está desesperado para que as sanções sejam levantadas e removidas da lista dos patrocinadoras estatais do terror.

O país quer acabar com o seu isolamento e reconstruir a sua economia após uma revolta popular no ano passado que derrubou o líder do país, Omar al-Bashir - considerado um criminoso de guerra pela comunidade internacional por causa do seu papel no genocídio de Darfur - e instalou na liderança o conselho civil-militar soberano liderado por al-Burhan.

O país tem eleições marcadas para 2022, como parte da sua transição para a democracia sob o governo interino.

"Afastando-se de maus actores"

Jonathan Schanzer, vice-presidente sénior de pesquisa da Fundação para a Defesa das Democracias, concordou com Gold quanto ao significado da reunião, dizendo ao JNS que a saída do ex-presidente sudanês Omar al-Bashir abre caminho para um reconhecimento mais amplo do Sudão por parte dos Estados Unidos e de todo o mundo.

"O Sudão foi longamente sancionado por causa do seu apoio às organizações terroristas", disse ele. "Agora, o Sudão tem uma folha limpa."

Schanzer disse que, olhando para o histórico do Sudão nos últimos anos, o país está a "dar provas de que está a afastar-se dos maus actores que já apoiou".

A reunião entre Netanyahu e al-Burhan foi supostamente orquestrada pelos Emiratos Árabes Unidos, e que apenas um "pequeno círculo" de altos funcionários do Sudão, bem como da Arábia Saudita e Egipto, sabiam dela com antecedência, informou a Associated Press.

O Sudão espera que, ao estabelecer laços calorosos com Israel, aumentem as suas chances de os Estados Unidos removerem o seu status de patrocinador estatal do terrorismo, designado em 1993.

Sob al-Bashir, o Sudão também estabeleceu laços estreitos com o Irão e serviu como canal para fornecer armas a grupos terroristas 'palestinos' como o Hamas. Acredita-se que Israel esteja por trás de ataques aéreos no Sudão que destruíram um comboio de armas em 2009 e uma fábrica de armas em 2012.

"O Sudão afastou-se do eixo do Irão de uma maneira muito clara", disse Schanzer. "Não podem envolver-se com Israel enquanto apoiam simultaneamente o Hamas e o Irão."

"O Sudão deu um passo muito importante", acrescentou. O país "claramente rompeu com a Liga Árabe".

Notavelmente, Egipto e Jordânia romperam com a Liga Árabe há alguns anos, firmando tratados de paz com Israel.





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