POSTAGENS ESPECIAIS DE CORRIDA

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Onde estão os lamentos pelos judeus?

Jerusalém - Dor imensa no funeral de Yaakov Litman e seu filho Netanel, vítimas do terror, poucas horas antes dos atentados de Paris na sexta-feira à noite. (Tsafrir Abayov / AP) - Fizemos um post sobre estas duas vítimas do terrorismo em Israel. Todos os dias há novos ataques e novas vítimas.

ONDE ESTÃO OS LAMENTOS PELOS JUDEUS? 

Onde está a solidariedade para com os judeus vítimas do terrorismo islâmico? Quando fechamos os olhos às acções dos terroristas em Israel, estamos a dar uma aprovação implícita às suas tácticas bárbaras em outros lugares.   
Abri a o jornal canadiano National Post na segunda-feira de manhã e li estas palavras de Harriet Alida Lye, uma romancista e escritora freelancer que vive em Paris e no Canadá: 
"Ao contrário do ataque ao Charlie Hebdo em Janeiro passado, eu só queria informações em primeira mão – saber notícias de todos os meus amigos - porque tudo o resto me parecia inacreditável, anárquico.” 

"Em Janeiro, as coisas pareciam mais tangíveis. Os agressores tinham razões concretas, embora terríveis, para atacar as pessoas que atacaram. Desta vez, eu estava com medo de ler as notícias, porque agora se passa algo de incontrolável. Parte de algo muito maior. Desta vez, os alvos foram pessoas como eu e os meus amigos: jovens normais que gozam das liberdades normais". 
Sério? "Desta vez, os alvos eram pessoas como eu?". Quem eram eles em Janeiro? Apenas alguns islamófobos e alguns judeus?  
"Eles" não eram dos dela. Mas o terrorismo em Janeiro não foi diferente do terrorismo que Paris viveu esta sexta-feira, 13 de Novembro. Ou do terrorismo que atingiu Toulouse em Março de 2012, quando três estudantes judeus - Aryeh, de 6 anos; Gabriel, de 3 anos; e Miriam Monsonego, de  8 anos de idade - juntamente com o rabino Jonathan Sandler e três pára-quedistas, foram assassinados. 
Na época, François Hollande, que ainda não era primeiro-ministro da França, disse.
"Ninguém pode matar crianças no território da República [França] sem ser responsabilizado."  
O Estado Islâmico alertou para que os ataques de sexta-feira noite em Paris foram apenas "o começo da tempestade."  
França está a recuperar e a responder aos horrores do terrorismo e a acordar finalmente para a realidade. "Agora, os franceses comuns estão a começar a entender como nós, judeus, temos vivido nos últimos anos, e a realidade em Israel", disse Samuel Sandler, o pai do rabino Jonathan Sandler.  
O colunista Eric Reguly também disse que estes ataques em Paris foram diferente dos de Janeiro:  
"Estes ataques - seis no total, em diversos pontos de Paris – não foram como o assalto de Janeiro aos escritórios da revista satírica francesa Charlie Hebdo. Matthieu Da Rocha, de 25 anos, que trabalha em marketing digital disse: 'O ataque ao Hebdo foi um ataque direccionado contra uma única publicação e os seus meios de expressão... Mas este novo ataque foi contra todos e qualquer um, contra jovens parisienses ... O que nos deixa loucos com o que aconteceu é que este tipo de ataques não pode ser evitado'". 

Reguly lembra que o editorial de domingo do Libération - o jornal Parisiense co-fundado pelo filósofo do século XX Jean-Paul Sartre - pediu galhardia, dizendo:  
"Virar as costas aos nossos valores é começar a fugir à frente dos terroristas".  
Infelizmente, a França, assim como muitos dos países da União Europeia, viraram há muito tempo as costas aos seus valores de "liberdade e igualdade e fraternidade" . Durante a Segunda Guerra Mundial a França foi derrotada na sua Linha Maginot e sacrificou todos os seus judeus para apaziguar os nazis. Não entregou apenas os judeus estrangeiros; aproveitou a chance para reunir cidadãos franceses judeus e enviou-os para os fornos de Auschwitz. 

Leis anti-semitas em França, para agradar aos nazis. Muitos franceses usaram voluntariamente uma estrela amarela com a inscrição "AMIGOS DOS JUDEUS".


FALTA DE CORAGEM MORAL

Em Janeiro passado, a França - mais precisamente as suas lideranças - continuou a demonstrar falta de coragem moral. Hollande desrespeitou, humilhou e denegriu o primeiro-ministro de Israel, que tinha vindo para compartilhar sinceras condolências de Israel, não só para com os ataques ao Charlie Hebdo, mas para com os judeus que foram atacados e abatidos no supermercado kosher. Netanyahu fez mais visitas Shiva [a casas de luto] na vida do que Hollande vai fazer depois deste ataque.
Netanyahu tinha vindo para compartilhar a dor - dor com a qual Israel está muito familiarizado. No entanto, Hollande não toleraria isso. Ele expressou a preocupação de que a presença de Netanyahu no desfile, que incluiu 40 chefes de Estado, seria "divisiva". Porquê? Porque, aos olhos dos franceses, e tal como é propalado pelos seus meios de comunicação, o terrorismo em Israel deriva de uma disputa política. É por culpa de Netanyahu que não há paz no Médio Oriente, porque os judeus não querem sacrificar ainda mais terra por paz. 
Hollande, então, convidou presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e adicionou ao insulto o anúncio de uma reunião com ele. Abbas, o homem que incita a matar judeus em Israel - como se os terroristas muçulmanos fossem diferentes por serem do ISIS ou do Hamas ou da al Nusra ou da al Qaeda ou do Boko Haram ou de todos os outros que matam em nome do Islão.  
Agora Hollande diz que defende a protecção dos valores ocidentais - mas não em Israel, a luz da democracia no meio da miséria do Médio Oriente. Hollande aprovou a rotulagem dos produtos israelitas "originários de colonatos israelitas além das fronteiras de Israel antes de 1967". Hollande também está a liderar os esforços diplomáticos internacionais para pressionar uma resolução da ONU que levaria à criação de um Estado palestino independente dentro de dois anos

A França tem sido rápida a atacar Israel por defender as suas fronteiras. No ano passado, durante a Operação Protecção-Limite, o Ministro da Defesa francês Jean-Yves Le Drian disse: 

"França apela a um cessar-fogo imediato ... para garantir que cada lado começa a falar com o outro, para evitar uma escalada que seria trágica para esta parte do mundo". 
Mas agora que o terrorismo atingiu a França de muito perto, Hollande grita:  
"É um acto de guerra que foi cometido por um exército terrorista, um exército jihadista, o Daesh [ISIS], contra a França. É um acto de guerra que foi preparado, organizado e planeado a partir do estrangeiro, com a cumplicidade do interior, que a investigação vai ajudar a estabelecer". 

"A França vai ser implacável com os bárbaros do Daesh", acrescentou. 
Agindo dentro da Lei, a França irá responder com "todos os meios necessários, e em todos os terrenos, dentro e fora, em coordenação com os nossos aliados".

NETANYHAU: NÃO HÁ "TERRORISTAS BONS"
Lola foi assassinada em Paris no dia 13. Adar foi assassinada em Israel no dia 22. Não há diferença entre terrorismo e  terrorismo.

Mais uma vez Israel apresentou as suas condolências ao povo da França. 
Netanyahu disse: "Um ataque a qualquer um de nós deve ser visto como um ataque contra todos nós ... O terrorismo é o ataque deliberado e sistemático a civis. Ele nunca pode ser justificado ... Não se pode lutar contra oterrorismo de forma selectiva. Não se pode dizer que estes são os bons terroristas e estes são os terroristas maus. Todos os terroristas são maus". 
Mas eu pergunto: Onde está o luto, o lamento, o rasgar da roupa, o canto do povo da França pelos judeus mortos em Israel? Como Netanyahu declarou: "Assim como temos condenado actos assassinos ao redor do mundo, eu também esperava que fossem emitidas condenações contra os assassinatos que ocorreram ontem [sexta - feira 13 de Novembro] de Ya'akov e Netanel Litman." 
Poucos dias antes das suas núpcias, apenas algumas horas antes dos ataques na França, uma noiva enterrou o seu pai, o rabino Yaakov Litman, e o seu filho Netanel, de 18 anos, que foram assassinados por terroristas covardes que odeiam o Ocidente, odeiam a liberdade e odeiam os judeus.
Onde estão as hordas de jornalistas para cobrir os ataques repugnantes em Israel? Nunca pode haver justificativa para assassinar pessoas que andam pelas ruas, que estão sentadas em cafés ou pizzarias, deitadas numa praia, conduzindo os seus carros, apanhando um autocarro, assistindo a concertos ou eventos desportivos. Quando fechamos os nossos olhos aos terroristas em Israel, nós damos aprovação implícita às suas tácticas bárbaras em outros lugares, e permitimos que se espalha a banalidade do Mal, só possível graças à cegueira voluntária ou ignorantia affectata. E isso acontece porque a vida de judeus não parece ter o mesmo valor que a vida dos outros. 
Vou terminar esta peça com as palavras da colunista canadiana Christie Blatchford no National Post: "Na manhã após os ataques de Paris, uma loja na esquina da minha casa inscreveu uma pequena frase na calçada: "L'amour est la réponse' "[O amor é a resposta]".
Blatchford então cita uma história, escrita pela jornalista americana Marie Brenner, descrevendo os distúrbios em Paris, em 26 de Julho de 2014, numa manifestação pró-Palestina (com alguns cartazes do Estado Islâmico, a preto e branco), que culminou com milhares de manifestantes cantando "Mort aux Juifs! Mort aux Juifs!" -  que significa "Morte aos judeus". 
A história fala sobre muito mais assuntos, é claro, mas o seu tema central foi que este motim, ou qualquer um dos outros dos que Brenner chamou o 'Verão do Ódio', foi o ponto de inflexão para muitos judeus franceses, que deixaram o país para irem para Israel. Os judeus são os canários na mina de carvão da Humanidade. Se l'amour est la réponse, então amar os judeus é uma das condições inabaláveis​. 

A Intifada é o pogrom do século XXI. As leis contra Israel são as leis anti-semitas do século XXI.  O terrorismo islâmico é o nazismo do século XXI. DE QUE LADO ESTÁ VOCÊ?




Este é um artigo da autoria de  É capelã hospitalar inter-fé, vive no Canadá, nos arredores de Toronto. Escreve sobre religião e saúde mental no seu blog, "The Middle Ground: The Agora of the 21st Century". É autora do livro "De Regresso à Ética, Recuperando os Valores Ocidentais", que será publicado em breve pela Mantua Books.

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