POSTAGENS ESPECIAIS DE CORRIDA

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

História de Israel - O Reinado de Salomão

 
Salomão - no original Shlomo (em Hebraico:שלמה), que deriva da palavra Shalom (paz)


O Rei Salomão foi o segundo governante da Dinastia Davídica, após a morte de seu pai, o Rei David.  O seu reinado ter-se-ia estendido de 1009 a 922 A.E.C., nos anos geralmente considerados como a "Idade de Ouro" dos Israelitas.
 
Salomão beneficiou do trabalho do seu pai, que consolidou as fronteiras de Israel. Lançou as bases de uma economia estável e uniu a nação no culto monoteísta. Continuou a política de alianças, tornou Israel uma potência económica regional, criou infra-estruturas e indústrias. Com fronteiras que iam do Egipto até à Síria e à Mesopotâmia, o país viveu um tempo de paz, que teve o seu ponto máximo do na construção do Templo em Jerusalém, inaugurando uma era de prosperidade e devoção religiosa  sem precedentes.
 



O Primeiro Templo, ou Templo de Salomão.


A lendária sabedoria de Salomão é ainda hoje famosa. Numa passagem da Bíblia - I Reis 10 - é descrito que a Rainha de Sabá foi visitar Salomão, para testar o seu conhecimento em primeira mão. Trouxe-lhe exóticos presentes e propôs-lhe alguns enigmas; e quando ele lhes respondeu de forma satisfatória, ela partiu.

Esta intrigante passagem da Bíblia tem sido motivo de especulação ao longo dos séculos, sobre a identidade da Rainha de Sabá e sobre a natureza precisa do seu relacionamento com o Rei Salomão. Diversas pessoas e comunidades, em todo o Mundo e ao longo da História, têm reivindicado serem descendentes de uma suposta ligação amorosa proveniente deste encontro. A Israelomania é assim mesmo...

 
 
O célebre encontro forneceu inspiração para inúmeras interpretações literárias e artísticas, de cunho religioso e romântico, erudito e popular.
 
Pergunta da Rainha de Sabá:

        "Dize-me, sábio Rei Salomão,
Que águas são essas, que não
Nascem da pedra, chão ou monte.
E embora venham da mesma fonte,
Ora amargas, ora doces são?"


  
      Resposta do Rei Salomão:

        "As lágrimas não vêm do chão,
E é doce o pranto da emoção feliz
      Amargo é o pranto,
Da dor, tristeza e desencanto."
 


Yul Brynner (russo de origem mongol) e Gina Lollobrigida (italiana) protagonizaram uma das muitas reedições cinematográficas do lendário encontro entre os dois soberanos.


Em I Reis 11, é dito que Salomão de afastou de Deus. Ele é punido por ter muitas esposas, um erro que o teria levado a desviar-se dos seus deveres e mesmo à e adoração de ídolos. Deus diz a Salomão que a punição pelos seus pecados seria a divisão do Reino. No entanto, por causa do amor que Deus tinha a David, pai de Salomão, prometeu não dividir o Reino durante a vida de Salomão, mas sim durante o Reinado de seu filho, Roboão. Deus também prometeu a Salomão que os seus descendentes continuariam a ter soberania sobre duas tribos (Judá e Benjamim).


O tempo de prosperidade e de paz chegou ao fim não muito tempo depois da morte de Salomão. O filho de Salomão, Roboão, governou o Reino do Sul, Judá, que permaneceu na Dinastia Davídica por mais 300 anos.
 
 
Quadro de Tissot retratando o célebre episódio da disputa da criança pelas duas mulheres, e a famosa "justiça salomónica". Qualquer história que verse sobre sabedoria leva cunho de autoridade se atribuída a Salomão.
 
São temas controversos, quer a existência real de Salomão, quer a autenticidade da narrativa Bíblica que lhe diz respeito. Por estar necessariamente associada à Civilização Judaico-Cristã, a figura de Salomão sofre mais contestação do que outros vultos da História sobre os quais existem igualmente poucos vestígios arqueológicos. Os inimigos da religião costumam, aliás, reduzir toda a Bíblia a um "conto de fadas" - para usar uma expressão que lhes é cara.
 
Os incondicionais da religião tendem a cair no extremo oposto, mantendo a crença firme de que tudo na Bíblia é literal e relatado com precisão histórica. Salomão tem por isso uma numerosa falange de de detractores e de defensores, respectivamente.
 
As narrativas constantes no Livro dos Reis terão sido passadas a escrito durante o cativeiro dos judeus na Babilónia, e, como era comum entre os povos Antigos, o patriotismo tendia a ser exaltado em descrições épicas e magnificientes, mesclando realidade e imaginação. Reduzir tudo a uma questão de "verdade" ou "mentira" será infantilidade, ou mesmo fanatismo.
 
 
 
As minas de Salomão: fortaleza quadrada (73 x 73 m),  século 9 A.E.C., e gigantesca mina de cobre, descobertas na Jordânia, na Antiga Edom. (Foto do Laboratório Levantino de Arqueologia).
A Arqueologia vai trazendo novos contributos para a discussão. Recentes escavações e descobertas em Israel põem em questão o paradigma que afirma que não há vestígios suficientes da Dinastia Davídica. Descobertas como a Estela de Tel Dan, uma pedra inscrita datada do século 9 A.E.C., com uma inscrição em Aramaico que inclui as palavras "Casa de David" (neste contexto o termo refere-se a uma dinastia ou linhagem Real, não a uma habitação...), achada em 1993/94 pelo arqueólogo Avraham Biran, e os resultados mais recentes das escavações de Khirbet Qeiyafa por Yosef Garfinkel, apontam para um Reino israelita altamente organizado e rico em recursos, que pode ser situado no século 10 A.E.C., tal como o registo Bíblico atesta.




As mesmas minas de cobre da foto anterior, com vestígios da presença humana até 76 metros de profundidade. Uma das estruturas descobertas parece ser um altar. (Foto do Laboratório Levantino de Arqueologia).

Os cépticos defendem que não se encontraram vestígios das riquezas de Salomão descritas na Bíblia. Mas a pouco e pouco vão-se encontrando as famosas Minas de Salomão. O mesmo se pode dizer das minas da Rainha de Sabá, cujas riquezas seriam igualmente impressionantes. A arqueóloga Louise Schofield, ex-curadora do Museu Britânico, parece ter descoberto, no Norte da Etiópia, vestígios destas não menos famosas minas.

O Médio-Oriente, berço da Civilização, é rico em vestígios arqueológicos, e muito falta descobrir. A menos que o ISIS se antecipe e destrua tudo primeiro.

4 comentários:

  1. "A menos que o ISIS se antecipe e destrua tudo primeiro." Nem fale nisso, que para mim é extremamente revoltante. Destruir as obras físicas de povos de outros tempos é o equivalente de lhes destruir a memória, varrer os seus restos da superfície da terra. Mas não se trata só disso, essa violência cega, boçal, bruta, ignara serve para anunciar ao mundo que esses senhores não respeitam nada nem ninguém, que todo o espírito humano desapareça e só a sua bronca ignorância subsista.
    Penso nas palavras de Miguel de Unamuno perante outra besta com forma humana, o General Millan Astray, que incluem o seguinte trecho; «Acabo de oír el necrófilo e insensato grito "¡Viva la muerte!". A luta é longa, e Deus nos defenda. Queira ele que não haja necessidade de plantar mais árvores no Jardim dos Justos, nem em mais parte nenhuma.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade, esse acto de coragem de Unamuno, infelizmente, é cada vez mais raro hoje em dia. Aqui há tempos fizemos uma comparação entre a reacção louca ao restauro desastrado da senhora espanhola de uma pintura de Cristo, versus a indiferença para com os jihadistas que destroem museus, santuários não islamistas, monumentos, etc..

      Eliminar
  2. O Sr. Oliveira da Figueira, tão viajado, tão cidadão do mundo com certeza que está a ser irónico ao querer comparar uma pessoa, enfim, ignorante, bem-intencionada (não vou pôr aqui em causa as suas talvez honestas mas mal orientadas intenções) mas católica (aí está a falha, pertence a uma religião não oprimida) com os legítimos actos de expressão da sua revolta por verem a sua cultura oprimida, por verem o seu modo de viver a sua religião e os seus costumes ancestrais, afirmando-os dinamitando umas maldosas pedras (que partidas aos bocados são mais fáceis de transportar e vender) que pela sua implícita idloatria os ofendem. Daí a justeza da dinamite.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mea culpa, mea culpa... Já dizia a Outra*: «É a cultura deles!».

      * - http://amigodeisrael.blogspot.pt/2014/07/ana-vegana-canibal.html

      Mas isto, com reaccionários judaico-cristãos como eu (que ainda por cima sou do sexo masculino e conservador) já não há esperança. Somos peças de museu, e espera-nos mesmo destino que as ruínas de Palmira.

      Eliminar

Comentários temporariamente desactivados. As nossas desculpas.