POSTAGENS ESPECIAIS DE CORRIDA

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O Hamas e a Guerra da Propaganda Global

Como temos incansavelmente sublinhado, e demonstrado, esta guerra (como todas as anteriores que o Hamas provocou), é desenhada exclusivamente para conquistar simpatias internacionais e ganhos diplomáticos no isolamento de Israel. A ONU (dominada pelas ditaduras islamistas e comunistas) e uma Imprensa global  conivente com a indústria da mentira, vulgo "Pallywood", cumprem o seu papel

Muito longe de sermos sumidades em Política e Geo-Estratégia (bem pelo contrário, somos pessoas absolutamente comuns, e, esperamos, dotadas de senso-comum), verificamos que os especialistas, um após outro, corroboram o que aqui temos escrito. Basta não se estar cego pelo ódio ou tolhido pelas amarras da fidelidade às ideologias, para se enxergar com clareza! Os jornalistas (das Márcias Rodrigues da vida à famigerada Brigada das Mártires de Al-Aqsa do Al-Público, e assim por todo o Mundo), é que conservam os seus óculos caleidoscópicos.

Este artigo de Daniel Pipes (gentilmente enviado pelo nosso amigo Santos), é o mínimo que qualquer pessoa deveria saber antes de tomar partido neste conflito.

Porque é que o Hamas Quer a Guerra?

por Daniel Pipes
National Review Online
11 de Julho de 2014
Original em inglês: Why Does Hamas Want War?
Tradução: Joseph Skilnik
Geoffrey Blainey revela, no seu brilhante estudo As Causas da Guerra, que os políticos iniciam as guerras com a visão optimista de obterem dividendos do combate, senão eles as evitariam.

Porque é que, então, o Hamas acaba de provocar uma guerra contra Israel? Do nada, em 11 de Junho, o Hamas começou a lançar mísseis, convulsionando a calma vigente desde Novembro de 2012. O mistério dessa explosão fez com que David Horovitz, editor do Times of Israel, constatasse que os combates, ora em andamento, "não têm nenhuma razão de ser", nem sequer de estarem acontecendo. E porque é que a liderança israelita respondeu de forma tão discreta, tentando evitar os combates? Isso, apesar de ambos os lados saberem que as forças de Israel são muito mais poderosas, qualquer que seja o quesito: serviços de informações, comando e controle, tecnologia, poder de fogo e domínio do espaço aéreo.


A Força Aérea Israelita detém total controle do espaço aéreo.


O que explica esta inversão de papéis? Será que os islamistas são tão fanáticos a ponto de não se importarem com a derrota? Será que os sionistas estão preocupados demais com a perda de vidas a ponto de não quererem combater?

Na realidade, os líderes do Hamas são bem racionais. Periodicamente (2006, 2008, 2012), eles decidem ir à guerra contra Israel sabendo muito bem que serão derrotados no campo de batalha, mas optimistas de que irão vencer na arena política. os líderes israelitas, por outro lado, acreditam que irão vencer militarmente, mas temem perder politicamente na cobertura negativa dos media, resoluções das Nações Unidas e assim por diante.

O foco na política representa uma guinada histórica; os primeiros 25 anos da existência do moderno Estado de Israel testemunharam ameaças à sua existência (principalmente entre 1948 e 1949, 1967 e 1973) e ninguém sabia como essas guerras iriam acabar. Eu lembro-me do primeiro dia da Guerra dos Seis Dias, quando os egípcios proclamavam excelentes triunfos, enquanto o silêncio da imprensa israelita indicava uma catástrofe. Foi electrizante saber que Israel conquistou a maior vitória já vista nos anais das guerras. A questão é que os resultados eram imprevisíveis e eram decididos no campo de batalha.


 O mundo não sabia que as forças israelitas haviam destruído a força aérea do Egipto ainda no chão, em 1967.

Já não é assim: o resultado no campo de batalha das guerras árabe-israelitas, nos últimos 40 anos, tem sido previsível, toda a gente sabe que as forças israelitas irão vencer. Estas guerras parecem-se mais como confrontos entre polícias e ladrões do que com guerras. 

Ironicamente, essa assimetria muda a atenção quanto a vencer e perder, para moralidade e a  política. Os inimigos fazem com que Israel aja, em última análise, para matar civis cujas mortes lhes trazem inúmeros benefícios.
Os quatro conflitos que ocorreram desde 2006 restauraram a maculada reputação do Hamas para a categoria de "resistência", criaram uma solidariedade na frente interna, provocaram dissidência tanto entre árabes quanto judeus em Israel, angariaram apoio para que palestinos e outros muçulmanos se tornassem homens-bomba, constrangeram líderes árabes não muçulmanos, conseguiram a aprovação de novas resoluções nas Nações Unidas condenando Israel, influenciaram os europeus a imporem sanções mais duras contra Israel, fomentaram uma avalanche de ódio na esquerda internacional contra o estado judaico e ainda obtiveram mais ajuda da República Islâmica do Irão.




O Santo Graal da guerra política é conquistar a simpatia da esquerda global, apresentando-se como pobre-coitado e vítima

(Do ponto de vista histórico, vale a pena salientar que, tradicionalmente, os combatentes fazem de tudo para amedrontar o inimigo, apresentando-se como temíveis e imbatíveis).

As tácticas desta nova forma de guerra incluem apresentar uma narrativa emocional convincente, citar endossos de personalidades famosas, apelar para a consciência e desenhar charges políticas simples e ao mesmo tempo com grande poder de persuasão (defensores de Israel são muito bons nisso, eram assim no passado e são assim no presente). Os palestinos são ainda mais criativos, desenvolveram duas técnicas de fraudulência "fauxtography (apresentação fraudulenta de imagens com propósitos de propaganda envolvendo adulterações, inclusões e omissões importantes no contexto)", no caso de fotografias; e "Pallywood (encenação de jornalistas palestinos com o objectivo de apresentar os palestinos como vítimas miseráveis da agressão israelita).

Os israelitas costumavam ser complacentes quanto à necessidade da hasbara, ou seja, dar o recado, mas nos últimos anos estão mais focados nisso.

Topos de colinas, cidades e estradas estratégicas têm enorme importância nas guerras civis no Iraque e na Síria, mas moral, proporcionalidade e justiça dominam as guerras árabe-israelitas. 

Conforme já relatei durante o confronto entre Israel e o Hamas em 2006, "solidariedade, moral, lealdade e compreensão são o novo aço, borracha, petróleo e munição". Ou em 2012: "artigos em jornais e revistas assinados pelos autores substituíram as balas, os media substituiram os tanques"

De um modo geral, isto faz parte da profunda mudança na guerra moderna quando forças ocidentais e não ocidentais entram em combate, como nas guerras lideradas pelos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque. Em termos Clausewitzianos, a opinião pública é o novo centro de gravidade.
Dito isto, como é que o Hamas se está a sair? Não muito bem. As suas perdas no campo de batalha desde 5 de Julho parecem mais elevadas do que o esperado, e esperada avalanche de condenações mundiais a Israel ainda não se concretizou. Até mesmo os media árabes estão relativamente quietos. Se as coisas continuarem assim, o Hamas poderá acabar por concluir que disparar uma chuva de mísseis contra lares israelitas talvez não seja uma ideia tão brilhante. De facto, para dissuadi-lo de iniciar outro ataque contra Israel nos próximos anos, o Hamas precisa perder tanto política quanto militarmente, e perder decisivamente.

O Sr. Pipes (DanielPipes.org) é o presidente do Middle East Forum. © 2014 por Daniel Pipes. Todos os direitos reservados.




  
Adenda de 11 de Julho de 2014: (1) Mentes brilhantes pensam de maneira semelhante e Caroline Glick acaba de lançar o artigo, "a estratégia infalível do Hamas (e do Irão)", que faz as mesmas perguntas que eu faço acima:

"O que o Hamas está fazendo? O Hamas não irá derrotar Israel. Não irá conquistar nenhum território. Israel não se irá retirar de Ashkelon ou de Sderot porque se encontra sob chuva de mísseis. A pergunta é, se o Hamas não pode vencer, porque está lutando?"
A resposta dela está em consonância com a minha: Ela compara as condições gerais,  favoráveis, de que o Hamas desfrutava quando tomou o poder em Gaza em 2007 ("tudo dava certo"), com os inúmeros problemas que enfrenta hoje, citando os governos do Egipto e da Síria, a Autoridade Palestina, o ISIS e até o Banco Árabe.
Dada essa situação complicada, era só uma questão de tempo para que o Hamas atacasse Israel com toda sua força. O ódio aos judeus é endémico no mundo muçulmano. Iniciar uma guerra contra Israel é um método consagrado de angariar a simpatia e apoio do mundo muçulmano.
Na pior das hipóteses, aufere aceitação, ou mesmo apoio, dos EUA e da Europa. E quem faz essa guerra atinge todos esses objectivos, quer vença, quer seja derrotado.
Em outras palavras, Glick e eu concordamos quanto aos objectivos políticos, a diferença é que ela dá mais ênfase aos problemas do Hamas. Eu prefiro ver as guerras contra Israel como posicionamento padrão que o Hamas adopta, pelo confronto por razões internas, sejam as circunstancias boas (como em 2008 e 2012) ou más (como em 2014).
(2) Confirmação do Christian Science Monitor sobre a determinação do Hamas em iniciar uma guerra política: eles acreditam que "a popularidade do movimento está a subir" apesar da longa lista de desastres, enumerada pelo jornal.
Tudo isso é esquecido no meio da chuva de mísseis. Segundo Talal Okal, colunista político independente que escreve para o jornal Al-Ayyam, "mesmo aqueles, como eu, que criticavam o Hamas, agora têm que lhe tirar o chapéu".
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Actualização de 12 de julho de 2014: Avi Issacharoff, brilhante analista sobre o Médio Oriente do Times of Israel, perguntou a um "expert que reside em Gaza", que não quis identificar-se, o que o Hamas esperava alcançar quando começou as hostilidades contra Israel. A resposta complementa e amplia a minha posição sobre ser esta uma guerra política:
"Antes de mais nada, os líderes do Hamas estão a tentar forjar novas relações com o Cairo. Eles deram a esta guerra o nome de "O Décimo Dia do Ramadão". Você sabe que outra guerra teve o mesmo nome? A Guerra do Yom Kippur. "É um presente para o exército egípcio", segundo eles. Eles estão até a exigir que os feridos sejam evacuados para tratamento no Egipto. Em última análise, eles querem que a passagem de Rafah seja aberta para que possam criar um novo relacionamento com o presidente Abdel Fattah el-Sissi. Até agora, o Hamas está isolado. Não conseguem sair de Gaza. Não há mais túneis (para contrabandear materiais para a Faixa de Gaza, que foram fechados pelo Egipto). Os preços estão a subir cada vez mais e a reconciliação não foi boa para eles.
Agora, esta é a estratégia deles para mudarem a equação. Desde que começaram os ataques, eles angariaram grande aceitação nas ruas onde vivem os palestinos: conseguiram atingir Tel-aviv, proeza que somente Saddam Hussein tinha alcançado. Dispararam contra o reactor de Dimona, contra Haifa. O pequeno Hamas foi capaz de fazer com que cinco milhões de israelitas tivessem que se refugiar em abrigos antiaéreos. Aos olhos do cidadão comum de Gaza, isso é uma enorme conquista.
Enquanto isso, eles continuam a fazer o que bem entendem. Até os dirigentes da Autoridade Palestina (cujos salários são pagos por Abbas) estão com medo de se aproximarem de bancos, depois de militantes armados terem disparado sobre caixas eletrónicas e sobre os bancos de onde eles retiram os seus salários. Eles (Hamas) querem formar um novo governo, depois de a guerra acabar. Querem voltar a ter importância, não serem aqueles que se renderam a Abbas e a Israel".

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