POSTAGENS ESPECIAIS DE CORRIDA

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Engole a tua violação

 

Aquando do lançamento da famosa campanha "Engole o Teu Piropo", lançada pela juventude bloquista feminina, a exigir a criminalização do piropo, lançámos algumas sugestões para campanhas idênticas. Falámos na altura, entre outros exemplos, da realidade do casamento de meninas com adultos em Portugal, nomeadamente na etnia cigana.

As meninas ciganas que não estão pelos ajustes, correm este risco:

"Pai e filho foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de rapto e violação de uma menor de 15 anos. A vítima é de etnia cigana e, segundo o CM apurou, terá sido escolhida para casar com um dos detidos, um jovem de 22 anos. Segundo a PJ, a vítima foi raptada e violada, mediante o uso da força física. Ontem, um familiar da menor garantiu ao CM que "foi tudo um mal-entendido".
Os suspeitos regressaram a Quarteira em outubro e voltaram a levar a vítima para casa do alegado noivo no Alentejo, onde, de acordo com a PJ, a "forçaram a coabitar com o violador".
(...)
No entanto, segundo referiu ao CM um familiar dos detidos, tudo aconteceu "com a autorização da rapariga", que "está grávida". Os suspeitos foram ontem presentes a um juiz do Tribunal de Loulé, onde à hora de fecho desta edição continuavam a ser ouvidos."
 Correio da Manhã

O que vai acontecer é que a opinião pública, que se mostrou indignada (e muito bem) antes de saber que se tratava de ciganos, vai accionar o dispositivo de relativismo cultural, e desculpar este pequeno incidente. Os agentes talvez venham até a ser admoestados por intervirem em ricas tradições culturais que estão muito acima da nossa não-cultura feia, má e capitalista.

Mais ainda: quem, como nós, se atreva a tocar ao de leve neste assunto, será imediatamente apodado de «racista». Há grupos humanos que estão acima de qualquer contestação. Tudo o que eles façam é bem feito, quanto mais não seja por «nossa» culpa, porque provavelmente «nós» andámos a oprimi-los» e a «roubar-lhes os recursos». É a cantiga habitual...

Outro raciocínio costumeiro aplicar-se-á aqui sob a forma de «Até parece que são só os ciganos que espancam e violam pessoas!!!». Claro que não são! A diferença é que, na raiz de episódios como este, está a prática do casamento de meninas com adultos. E as leis do Estado são para aplicar a TODOS os cidadãos. Casar meninas com adultos é uma violação dos Direitos Humanos e dos Direitos da Criança. Se não é aceitável entre os não ciganos, não o deveria ser entre os ciganos, nem entre quaisquer outros cidadãos.

Um peso, duas medidas, sendo que a balança se inclina sempre a favor de certos grupos sociais, é a regra do politicamente correcto. Onde estão agora as raparigas do Bloco de Esquerda que queriam criminalizar o piropo?

Os que pairam permanentemente nas alturas da beatitude condenam desde logo toda a referência a qualquer situação de violência, «para não despertar o ódio». Exactamente! Quanto à menina que foi espancada, violada, levada para casa do violador e que será obrigada a casar com ele e a servi-lo obedientemente toda a vida, essa pode engolir a sua violação, a sua raiva, a sua dignidade, a sua vida.


P.S. - Esta semana, em Marrocos, uma menina forçada a casar com o seu violador, suicidou-se. A Al Jazeera falou do caso. O Código Penal marroquino exonera a culpa do violador se este se casar com a vítima.

 Last year Amina Filali, 16, killed herself after being forced to marry the man who had raped her. Here her sister, Hamida, protests outside the local courthouse that approved the marriage deal.

2 comentários:

  1. É verdade que vivemos, hoje, num caldeirão de costumes e de civilizações que têm dezena, centenas de anos de diferença. E há muita coisa a que é preciso dizer basta.

    Mas, nesta história, lembro-me de que a minha mãe casou com 19 anos, a minha avó com 17 anos e a minha bisavó com 16 anos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E casaram de vontade, Diogo? Se sim, tiveram sorte. Se não, imagino o que sofreram.

      Abraço para si,

      I.B.

      Eliminar

Comentários temporariamente desactivados. As nossas desculpas.