segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Desejar Feliz Natal e morrer



Hoje é Natal para os cristãos coptas. O jornal Público, pela pena de  Margarida Santos Lopes, informa-nos:

Natal copta celebra-se entre a esperança e o medo

Não é um Natal como o nosso, por muitas razões. Uma delas é que foram emitidos  fatwas [éditos]que condenam à morte quem desejar Feliz Natal.

O Egipto, segundo a narrativa Bíblica, foi lar temporário do famoso José do Egipto, de seus irmãos, de seu pai Jacob também conhecido como Israel, filho de Isaac e neto de Abraão. No Egipto ficou a descendência destes Hebreus, em condições cada vez mais precárias que levaram ao Êxodo, liderado por Moisés. Essa antiga ligação é uma das razões pelas quais o Cristianismo egípcio está tão ligado aos Patriarcas Judaicos:

«Todas as festividades coptas são precedidas de um período de jejum – o do Natal é de 43 dias, assinalando os 40 dias em que Moisés atravessou o deserto, com fome e sede, para receber os Dez Mandamentos. Mina Thabet, por exemplo, confessou que estava exausto porque desde 25 de Novembro não comia carne, peixe, ovos e lacticínios, de manhã até ao início da noite, ainda que precisasse de estudar intensamente para o último exame na universidade, a 1 de Janeiro.»

A sobrevivência dos cristãos coptas voltou a estar seriamente ameaçada desde que a Irmandade Muçulmana tomou as rédeas do poder após a queda de Mubarak:


“As tensões confessionais sempre existiram, mas nunca a impunidade foi tão ostensiva. “Há cada vez mais ataques pessoais e contra igrejas (“pelo menos 16 foram incendiadas”), além de expropriação de bens e a proibição, que vem do tempo de Mubarak, de construir novos lugares de oração.” Hany não esquece, em particular, o chamado “massacre de Maspero”, cometido em 9 de Outubro de 2011. Nesse dia, forças de segurança mataram 27 coptas e feriram mais de 300, quando protestavam contra a destruição de um templo no Alto Egipto. “Exames forenses mostraram que pelo menos 14 pessoas foram esmagadas por carros de combate e as restantes foram mortas por munições reais, mas o tribunal arquivou o processo por ‘falta de provas’ para punir os culpados”.

Os entrevistados são claros quanto ao destino que a chamada Primavera Árabe tomou no país dos Faraós:


“A situação económica é dramática e a política de Morsi não é diferente da de Mubarak, porque depende das ordens do Fundo Monetário Internacional, que está a exigir aumento de impostos e de preços dos alimentos, e também a desvalorização da moeda nacional”, salienta Hany. “Acho que nem o ditador deposto se atreveria a fazer isto, porque isto só aumenta a pobreza e a revolta!”.

Surpresa? Só para quem não conhecer Morsi, o actual líder egípcio:


Os nossos desejos são que não se repitam este ano os massacres de cristãos coptas. Rezemos por eles.

Nota: a foto (lindíssima, por sinal) é do artigo do Público.

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